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Milhares de nepaleses aguardam ajuda após tragédia; mortos chegam a 4.300

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Com um número de mortos que já supera os 4.300 e com mais de 8.000 feridos, o Nepal, enfrenta, na sequência do seu pior terremoto em 81 anos, ocorrido no sábado (25), uma situação de completo caos agravada pela dificuldade em garantir o acesso de ajuda humanitária.

Segundo o porta-voz do Ministério do Interior nepalês, Laxmi Dhakal, 4.310 pessoas morreram e mais de 8.000 ficaram feridas. Houve mortes também na Índia, na China, no Tibete e em Bangladesh, países onde o tremor também foi sentido.

Cerca de US$ 40 milhões em doações já foram prometidos pela ONU (US$ 15 milhões) e por países como EUA (US$ 10 milhões) e Reino Unido (US$ 7,5 milhões). Há ainda o auxílio enviado pelos vizinhos China e Índia, com suprimentos e equipes de apoio.

O pequeno aeroporto de Katmandu –principal entrada do país–, no entanto, não tem comportado o tráfego intenso gerado tanto pela procura de turistas que tentam deixar o Nepal, quanto pela chegada da ajuda humanitária enviada por outros países.

Ao menos quatro aviões da Força Aérea indiana, com socorristas e medicamentos, por exemplo, tiveram que retornar a Nova Déli após não conseguirem pousar no aeroporto de Tribhuvan. O Nepal anunciou nesta segunda (27) que ainda precisa de todo tipo de ajuda internacional, desde cobertores a médicos e helicópteros.

"Pedimos tendas, alimentos secos, colchões e 80 tipos diferentes de remédios", disse Leela Mani Paudyal, secretário de governo do Nepal.

O acesso às vilas mais atingidas pelo forte tremor, no distrito de Gorkha, ainda é complicado, o que tem atrasado mais as operações de resgate e o atendimento aos feridos.

Editoria Arte/Folha

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Da capital, é preciso viajar mais de cinco horas de carro por estradas afetadas pelo terremoto e bloqueadas, em alguns trechos, por deslizamentos de terra e grandes blocos de pedra até chegar a vilarejos como o de Saurpani, mais próximos ao epicentro do tremor de magnitude 7,8.

"Há pessoas que estão sem comida e abrigo. Há relatos de vilas onde 70% das casas foram destruídas", disse Udav Prashad Timalsina, responsável pela região de Gorkha.

Segundo o governo, nove em cada dez militares do país –são 100 mil no total– estão envolvidos nas operações de busca e resgate.

Os próprios moradores, no entanto, têm ajudado a recolher os corpos. Muitos já são cremados nas ruas, respeitando o ritual que é tradição da religião hindu –majoritária no país.

Novos tremores e falta de luz e água aumentam o desespero de quem sobreviveu à catástrofe. Com medo de novos desabamentos, muitos se preparavam, nesta segunda, para dormir nas ruas da capital pela terceira noite seguida.

Os custos da reconstrução, segundo a consultoria IHS, podem superar US$ 5 bilhões, ou 25% do PIB (Produto Interno Bruto) do Nepal. Uma das mais importantes fontes de receita é o turismo, que deve diminuir com a tragédia.

Editoria de Arte/Folhapress

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