Folha de S. Paulo


Trapalhada de terrorista faz polícia francesa frustrar ataque em Paris

Ao atender a um chamado do serviço médico de urgência (Samu) no domingo passado (19), a polícia francesa impediu, quase que por acaso, dois possíveis atentados contra igrejas católicas na periferia de Paris.

Nesta quarta (22), ao revelar o caso à imprensa, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que ele é "tão inquietante quanto estranho".

Tudo começou na manhã de domingo, quando o serviço médico recebeu um pedido de socorro de um homem que tinha um ferimento a bala em uma perna.

Djilali Djaffer/AFP
Policiais monitoram o bairro de Vert-Bois, em Paris, onde extremista foi encontrado no domingo (19)
Policiais monitoram o bairro de Vert-Bois, em Paris, onde extremista foi encontrado no domingo (19)

Ao ser atendido, o estudante de eletrônica franco-argelino Sid Ahmed Ghlam, 24, disse aos paramédicos que se ferira acidentalmente ao jogar suas armas no rio Sena.

O Samu avisou então a polícia, como é praxe em casos de feridos do tipo.

Policiais foram ao local e, enquanto o ferido era levado ao hospital, seguiram o rastro de sangue deixado por ele chegando a um carro, onde acharam um fuzil, pistolas, um colete à prova de balas e munições.

No apartamento de Ghlam, perto do local onde foi socorrido, a polícia encontrou documentos que mostram "sem dúvida nenhuma que o indivíduo havia programado cometer um atentado, provavelmente contra uma ou duas igrejas", disse o ministro Cazeneuve na entrevista.

Foram também encontrados em seu apartamento várias armas e coletes policiais, o que fez a polícia pensar que Ghlam iria agir com outros cúmplices.

Segundo o procurador da República de Paris François Molins, o atentado estaria sendo armado com o auxílio de um "homem que pode estar na Síria".

As autoridades francesas suspeitam que o franco-argelino tenha se ferido ao tentar roubar o carro de Aurélie Châtelain, uma professora de ginástica encontrada morta no domingo, dentro de seu carro em Villejuif, periferia de Paris.

No freio de mão de seu carro foram achados traços do DNA de Ghlam.

VIGIADO

O franco-argelino chegou à França em 2001, para encontrar seus pais, e ficou até 2003. Por não possuir autorização para morar no país, voltou à Argélia para estudar e só retornou à França em 2011.

Os serviços de inteligência francesa conheciam o estudante desde 2014, quando ele manifestou interesse em ir para a Síria.

Ele foi então classificado com um "S", de "segurança do Estado". A partir de então, passou a ser vigiado de um modo que não chamasse a atenção.

Segundo o jornal "Le Monde", ele ficou desaparecido por uma semana na Turquia em fevereiro deste ano.


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