Folha de S. Paulo


Coalizão liderada por sauditas declara fim de operações no Iêmen

Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita declarou nesta terça-feira (21) o fim de suas operações militares quase um mês depois de ter lançado ataques aéreos contra rebeldes houthis no Iêmen, afirmando que as ameaças ao território saudita e de seus vizinhos foram removidas.

A coalizão "concluiu a Operação Tempestade Decisiva atendendo a um pedido do governo iemenita e do presidente Abdo Rabbo Mansur Hadi", afirmou seu porta-voz, brigadeiro-general Ahmed al-Assiri, em Riad, capital saudita.

Hani Ali/Xinhua
Colunas de fumaça sobem após ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita em Sanaa
Colunas de fumaça sobem após ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita em Sanaa

Ele disse, no entanto, que a coalizão continuará a impor um bloqueio naval ao Iêmen e terá como alvo quaisquer movimentos dos xiitas rebeldes houthis.

Segundo um comunicado da coalizão, a próxima fase das operações, denominada "Restaurar a Esperança" terá como objetivo retomar o processo político no Iêmen, o envio de ajuda e o "combate ao terrorismo" no país, onde atua um ramo sangrento da rede Al Qaeda.

O ministério saudita da Defesa informou em um comunicado que os ataques aéreos conseguiram "remover, com sucesso, as ameaças à segurança da Arábia Saudita e dos países vizinhos".

Segundo ele, isso foi alcançado "destruindo armamento pesado e mísseis balísticos que foram tomados pela milícia houthi e forças aliadas do [ex-ditador] Ali Abdullah Saleh de bases e acampamentos do Exército".

A Operação Tempestade Decisiva começou em 26 de março e continuará até a meia-noite.

Os insurgentes xiitas, aliados a forças leais a Saleh, tomaram a capital iemenita, Sanaa, em setembro. Em março, quando avançaram sobre a cidade portuária de Áden, fizeram o presidente Hadi, que transferira o governo para lá, fugir para a Arábia Saudita.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, até a quinta passada (16), pelo menos 364 civis foram mortos no Iêmen desde o início dos bombardeios da coalizão liderada pelos sauditas, em 26 de março.

REAÇÕES

Um dos líderes da milícia houthi, Abdel Malek al-Ijri, disse estar surpreso com o anúncio do fim dos ataques aéreos, mas afirmou que ele coincidiu com negociações visando a um acordo de paz.

"Estávamos à espera da concordância sobre o cessar-fogo após a assinatura de um acordo político, que está quase pronto", afirmou Ijri por telefone à agência Reuters.

Acusado de apoiar os houthis, o Irã elogiou a medida da coalizão.

"Suspender a matança de pessoas inocentes e indefesas é sem dúvida um passo adiante", declarou a porta-voz da chancelaria iraniana, Marzieh Afkham.


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