Folha de S. Paulo


Chefe da agência antidrogas dos EUA é pressionada por escândalo de orgias

A informação de que membros da agência antidrogas dos EUA (DEA, sigla em inglês) fizeram orgias com prostitutas pagas com dinheiro público na Colômbia fez com que parlamentares pedissem a saída da chefe do órgão, Michelle Leonhart.

Os detalhes foram citados em um informe do inspetor-geral do Departamento de Justiça entregue no final de março à Comissão de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos.

Segundo o relatório, o vice-diretor regional da DEA na Colômbia e nove agentes especiais fizeram orgias na sede do órgão em Bogotá e contrataram prostitutas usando a verba concedida pelo governo americano para manter o escritório.

As festas teriam ocorrido algumas dezenas de vezes no período entre 2001 e 2008. Dos dez agentes envolvidos nas orgias, três receberam dinheiro, presentes e armas de membros dos cartéis do tráfico de drogas.

Após investigação, sete agentes confessaram ter participado das festas e foram suspensos por períodos de dois a dez dias, mas ninguém foi exonerado. Os crimes e as penas aplicadas foram duramente criticados pelos parlamentares da comissão.

Na última segunda (14), Leonhart alegou que as regras do governo para servidores civis a impediram de expulsar os agentes, embora as violações cometidas tenham sido "estarrecedoras". A explicação não convenceu os legisladores.

"Quando temos maçãs podres que repetidamente têm o mesmo tipo de conduta, comprometendo nossa segurança nacional, eles precisam perder sua habilitação de segurança e serem demitidos", disse o republicano Jason Chaffetz, chefe da comissão.

"Honestamente, que poder você tem? Você tem que trabalhar com agentes sobre os quais você não pode disciplinar e não tem nenhum controle. O que diabos você consegue fazer", afirmou o republicano Trey Gowdy.

DESCONFIANÇA

Diante das respostas, a comissão reprovou na quarta (15) um voto de confiança à chefe da agência antidrogas e pediu sua renúncia. Michele Leonhart comanda a DEA desde 2007 e foi vice-chefe nos três anos anteriores.

Na quinta (16), o governo americano se recusou a comentar sobre a possível saída de Leonhart. Em entrevista, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o presidente Barack Obama "se preocupa com os detalhes incômodos" do caso.

"O presidente tem um padrão de expectativa muito alto para todos os servidores de seu governo, sobre sua conduta e sobre a capacidade de manter a confiança pública", disse Earnest.

Não é a primeira vez que o governo Obama é atacado por um caso de má conduta dos servidores que envolvia prostituição. Em 2012, quatro agentes do Serviço Secreto e 12 militares fizeram uma orgia em um hotel de Cartagena, na Colômbia.

Os agentes haviam viajado para verificar a segurança do local antes da chegada do mandatário americano para participar da Cúpula das Américas. Os membros do Serviço Secreto e os militares envolvidos foram expulsos.

Em março de 2014, três agentes que protegem Obama foram obrigados a deixar Amsterdã em uma visita oficial após chegarem embriagados ao hotel. Estes e outros casos levaram à renúncia da chefe do Serviço Secreto, Julia Pierson, em outubro.


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