Folha de S. Paulo


Violência xenófoba em Durban amedronta imigrantes na África do Sul

Lojas de imigrantes no centro de Johannesburgo, maior cidade da África do Sul, amanheceram fechadas nesta quarta-feira (15) após o início de uma onda de violência xenófoba em Durban.

Nos últimos dias, foram registrados em Durban ataques contra estrangeiros, muitos dos quais vindos de outros países do continente africano. Lojas foram saqueadas e incendiadas. Houve ao menos quatro mortos, incluindo um garoto de 14 anos que morreu após ser baleado durante um saque na segunda (13).

Embora nenhum episódio de violência contra estrangeiros tenha sido registrado em Johannesburgo, epicentro da onda de ataques xenófobos que deixou 60 mortos em 2008, imigrantes fecharam as suas lojas por medo de possíveis ataques.

Uma mensagem de texto foi enviada para os celulares de comerciantes estrangeiros, dizendo: "pessoas zulu estão vindo para a cidade (...) para matar todos os estrangeiros nas ruas".

Em uma rua diante de lojas fechadas, um homem que disse ser etíope e se chamar David afirmou à Reuters: "Estamos prontos, vamos lutar."

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, condenou a violência e apontou diversos ministros para lidarem com a onda de violência na região de Durban.

"[A onda de violência contra imigrantes] é uma evidência de uma terrível falta de memória dos sul-africanos, [que viveram décadas de intolerância racial]", afirmaram as fundações Nelson Mandela e Ahmed Kathrada, nomeadas em homenagem a líderes da luta contra o regime do apartheid.

As fundações saudaram os esforços do governo para conter a onde de violência, mas disseram: "Por muito tempo, sul-africanos em posições de liderança ignoraram a crise ou atiçaram as chamas do ódio."

No Twitter, popularizou-se a hashtag #SayNoToXenophobia (#DigaNãoÀXenofobia, em português), que acompanha mensagens denunciando os ataques contra estrangeiros.

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FUGA

A África do sul instalou campos em Durban a fim de acolher os estrangeiros que fogem dos ataques xenófobos.

Editoria de Arte/Folhapress

O Maláui, no sul da África, planeja repatriar pelo menos 400 cidadãos que vivem na África do Sul por conta da onda de violência, disse o ministro da informação Kondwani Nankhumwa.

O país negocia com as autoridades sul-africanas a concessão de documentos de viagem temporários a malauianos porque muitos perderam seus passaportes na fuga.

"A maioria fugiu para os campos sem nada, literalmente", disse o ministro. "Os números devem crescer porque muitos malauianos estão escondidos".

A África do Sul tem 50 milhões de habitantes, dos quais 5 milhões são imigrantes. O desemprego no país é de 25%.


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