Folha de S. Paulo


Protesto de grupo xenófobo alemão reúne um terço do público esperado

O movimento xenófobo alemão Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente) deu novo sinal de declínio nesta segunda-feira (13), em uma manifestação em Dresden que contou com a presença do deputado holandês populista Geert Wilders.

Os organizadores esperavam que o convidado, uma das estrelas da extrema direita europeia, fosse atrair um público recorde, mas apenas um terço dos participantes previstos compareceu.

Falando para uma plateia pouco entusiasmada, Wilders convocou uma união dos povos alemão e holandês contra a presença crescente de muçulmanos nos dois países. "Estamos diante de uma catástrofe", disse. "Nem todos os muçulmanos são terroristas, mas a maioria dos terroristas é muçulmano".

Jan Woitas/Efe
Manifestantes ligados ao Pegida assistem, no telão, ao discurso do político holandês Geert Wilders durante evento em Dresden
Em Dresden, apoiadores do Pegida assistem ao discurso do político holandês Geert Wilders num telão

Wilders respondeu a uma recente declaração da chanceler Angela Merkel de que o islã também é parte da Alemanha. "Senhora Merkel, a Holanda, a Alemanha e as outras nações ocidentais não são países islâmicos. Queremos continuar o que somos", afirmou.

Cerca de 10 mil pessoas compareceram ao evento, em um terreno próximo ao centro de Dresden. Os organizadores esperavam 30 mil participantes e montaram uma estrutura com telão e banheiros químicos.

As autoridades se prepararam para eventuais confrontos e convocaram 3.000 policiais, mas nenhum incidente grave foi registrado.

Até mesmo os protestos anti-Pegida, que costumam ocorrer paralelamente ao do movimento, estavam esvaziados e dispersos. A imprensa alemã classificou o evento desta segunda-feira como um fiasco para os planos dos organizadores do Pegida de criar uma ponte entre movimentos similares na Europa.

Depois de registrar até 25 mil pessoas em seus protestos no ano passado, o Pegida tem encontrado dificuldade para igualar os números em 2015. Na última semana, um protesto, que também contou com bastante divulgação por parte do movimento, reuniu apenas 7.000. A manifestação que estava prevista para 20 de abril foi cancelada.

Entre o público que compareceu nesta segunda-feira, vários agitavam bandeiras de outros países, como Rússia, Holanda e Israel. Wilders chegou a louvar o Estado israelense como "uma ilha em meio à barbárie islâmica".

Com bandeiras de Portugal e da Alemanha, o zelador português José Antônio Sousa, 40, defendeu o Pegida. "Quem faz porcaria tem que ser expulso", disse o imigrante, que afirmou viver na Alemanha há 19 anos e ter aderido à causa após um centro de acolhida para refugiados ter sido aberto perto da escola dos seus filhos, em Leipzig.

Além de Wilders, o protesto contou com Lutz Bachmann, que havia se afastado do movimento em janeiro após o vazamento de fotos suas imitando o ditador Adolf Hitler, mas voltou recentemente a coordenar o Pegida.

Em seu discurso, ele instou a multidão a apoiar Tatjana Festerling, que foi lançada na semana passada como candidata do Pegida à Prefeitura de Dresden, no que foi a primeira ação organizada do movimento para conseguir representação política.


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