No primeiro dia da Cúpula das Américas, realizada no Panamá, o presidente dos EUA, Barack Obama, equilibrou-se em acenos a Cuba e a dissidentes do regime.
Primeiro, o governo americano divulgou que Obama e o ditador Raúl Castro conversaram por telefone nesta quarta (8) –o segundo contato do tipo desde dezembro.
Os dois devem ter reunião bilateral neste sábado (10), considerada histórica. Será o primeiro evento formal entre líderes dos países desde 1961.
Nesta sexta (10), Obama e Raúl se cumprimentaram durante a abertura da Cúpula.
O encontro, breve, no qual ambos também trocaram algumas palavras, foi testemunhado pelos presidentes Rafael Correa (Equador) e Juan Manuel Santos (Colômbia), além do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Houve ainda, na quinta (9), reunião entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.
Os dois países estão em processo de reaproximação diplomática, após cinco décadas de hostilidade.
Santiago Armas/Xinhua | ||
Barack Obama e Raúl Castro se cumprimentam no início da Cúpula das Américas, no Panamá |
Segundo a chancelaria cubana, Kerry e Rodríguez falaram em um clima "construtivo e de respeito", principalmente sobre a reabertura das embaixadas, um dos passos previstos no processo de reaproximação.
Esta é a primeira vez que Cuba participa da Cúpula das Américas, que teve sua primeira edição em 1994.
Além da reabertura de embaixadas, é iminente a retirada de Cuba, pelo governo dos EUA, da lista de países que apoiam o terrorismo.
dissidentes
Obama, contudo, não deixou de encontrar-se com dissidentes cubanos, durante um Foro da Sociedade Civil.
Em sua fala, o presidente americano disse que os "tempos em que a agenda dos EUA neste hemisfério quase sempre presumiam uma interferência nossa na América Latina acabaram".
Porém o presidente norte-americano acrescentou que seu país irá ajudar os "calados" e os "vulneráveis".
Em discurso contundente que arrancou, mais de uma vez, aplausos acalorados, Obama disse: "Se vocês foram silenciados, tentaremos falar por vocês e junto com vocês. E, se vocês foram reprimidos, nós ajudaremos a fortalecer vocês".
Pouco antes de sua fala, cubanos apoiadores de Raúl Castro deixaram o recinto em protesto ao que consideravam apoio do presidente norte-americano aos dissidentes.
Obama falou a uma plateia lotada, na qual estavam presentes movimentos sociais, que incluía dissidentes cubanos e venezuelanos.
"Queremos que sejam os cubanos os que decidam qual é o melhor caminho para sua prosperidade."
Além disso, chamou a atenção de outros países. "Espero que todos os países presentes aqui se juntem a nós e percebam como é importante apoiar-nos nisso."
O presidente disse ainda que "às vezes é difícil, mas é importante falar honestamente e candidamente em defesa de pessoas que são vulneráveis e que têm pouco poder, pessoas que estão sem voz."
Acrescentou que seu país sempre irá representar, como norte-americanos, "certo grupo de valores sentimentais" e que, com vários países da América Latina, teria de passar por um "processo de normalização".