Folha de S. Paulo


Mulher que tentou atacar sede da polícia é morta em Istambul

A polícia da Turquia matou nesta quarta-feira (1º) uma mulher que tentou atacar a sede da polícia em Istambul, um dia após a morte de um promotor que foi tomado de refém por dois militantes de extrema esquerda.

Segundo o governador da cidade, Vasip Sahin, a mulher carregava uma bomba, duas granadas e uma metralhadora, usada para abrir fogo contra o prédio da polícia, no bairro de Fatih.

Ihlas News Agency/AFP
Mulher que atirou contra sede da polícia é morta pelos agentes em frente ao prédio, em Istambul
Mulher que atirou contra sede da polícia é morta pelos agentes em frente ao prédio, em Istambul

Ela foi baleada pelos agentes de escolta do edifício e morreu na hora. Um homem que a acompanhava foi atingido de raspão e tentou fugir, mas foi capturado pelos agentes minutos depois. Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado.

Mais cedo, um homem armado foi preso ao tentar invadir o prédio do governista Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, sigla em turco) no bairro de Kartal. Ele quebrou janelas e agitou uma bandeira turca em uma delas antes de ser preso pelos policiais.

Os novos ataques ocorrem menos de 24 horas após dois militantes da Frente Revolucionária de Libertação do Povo tomarem de refém o promotor Mehmet Selim Kiraz. Os três acabaram mortos em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Em reação ao ataque, a polícia turca lançou uma operação para prender militantes do partido, a fim de evitar novos atentados nesta quarta (1º). Pelo menos 22 estudantes foram presos acusados de vínculo com a agremiação.

Considerada um grupo terrorista pela Turquia, os Estados Unidos e a União Europeia, a Frente Revolucionária de Libertação do Povo realizou uma série de atentados desde a década de 1990, principalmente contra as autoridades turcas.

O partido tem inspiração marxista-leninista, contrário aos americanos e à Otan, e considera que o governo turco está sob controle do Ocidente e busca acabar com esse domínio usando a violência e meios democráticos.

REAÇÃO

Nesta quarta, o primeiro-ministro Ahmed Davutoglu prometeu agir contra o que chamou de "aliança do mal". "Nós não vamos cair nessa armadilha, não vamos sacrificar o país. Se alguém manifesta com o rosto escondido ou com coquetéis molotov, não será tolerado!"

Mais cedo, centenas de juízes e advogados prestou homenagem a seu colega no tribunal onde morreu, sob uma enorme bandeira proclamando "Não vamos esquecer de ti, nosso mártir."

"Ele é um herói", lançou por sua vez o presidente Recep Tayyip Erdogan, que voltou de visita à Romênia por causa dos últimos acontecimentos. "É essencial que aqueles que acreditam na democracia se revoltem contra esses ataques."

O magistrado investigava as circunstâncias da morte do adolescente Berkin Elvan, em 11 de março de 2014, depois de passar 269 dias em coma após o uso de uma bomba de gás lacrimogêneo pela polícia durante um protesto em 2013 em Istambul.

De acordo com a imprensa turca, o comando que sequestrou o promotor exigia que os policiais responsáveis pela morte de Berkin Elvan fizessem uma "confissão pública" e fossem levados perante um "tribunal do povo".

Nenhum policial foi até este momento indiciado pela morte. Em março de 2014, a morte provocou manifestações em massa em toda a Turquia. O adolescente se tornou um símbolo do autoritarismo de Erdogan.


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