Folha de S. Paulo


Senado chileno protesta contra atitude de ministro boliviano que foi demitido

O Senado chileno aprovou nesta quarta-feira (1º) um protesto formal contra a Bolívia e o ex-ministro Jorge Ledezma, que foi demitido na terça (31) por Evo Morales após se envolver em uma polêmica no norte do Chile.

Afetado por uma grande inundação nos últimos dias, o norte do Chile recebeu ajuda humanitária da Bolívia, que ofereceu água potável às vítimas das enchentes.

Na terça (31), Ledezma, que até então era o ministro da Defesa da Bolívia, foi ao norte do Chile com um carregamento de 13 mil litros de água para distribuir aos afetados pelas chuvas.

Alex Fuentes/Efe
O ex-ministro da Defesa da Bolívia Jorge Ledezma caminha em rua de Copiapó, no Chile
O ex-ministro da Defesa da Bolívia Jorge Ledezma caminha em rua de Copiapó, no Chile

Ele trazia, porém, na lapela de sua jaqueta, um broche com a inscrição: "O mar é da Bolívia".

A frase é parte de uma campanha boliviana para a recuperação do acesso do país ao oceano Pacífico.

Logo após o incidente, Evo Morales decidiu demitir Ledezma do cargo, afirmando que não era adequado misturar uma desavença política com ajuda humanitária.

Para o seu lugar, o presidente boliviano indicou o ex-candidato à Prefeitura de Santa Cruz Reymi Ferreira.

Desde o século passado a Bolívia tenta recuperar com o Chile o seu acesso ao mar, perdido no final do século 19, durante a Guerra do Pacífico.

Recentemente, o país reclamou no Tribunal Internacional de Haia o restabelecimento de seu acesso ao mar. A queixa deixou tensa a relação entre os dois países.

As chuvas desta semana atingiram a população que mora exatamente nessa área em disputa.

O agora ex-ministro Ledezma desculpou-se pelo incidente e afirmou que não teve o intuito de ofender os chilenos.

"Isso se transformou em um grande problema, mas nunca foi minha intenção insinuar provocação alguma. Este é um jaleco institucional que os ministros da Defesa usam como uniforme", afirmou ele nesta quarta em cerimônia no Ministério da Defesa.

Até agora, o Chile contabiliza 23 mortos e 57 desaparecidos após as fortes chuvas que atingiram a região seca do deserto do Atacama.


Endereço da página:

Links no texto: