Folha de S. Paulo


Candidato da oposição vence eleição presidencial da Nigéria

O candidato da oposição da Nigéria, o ex-ditador militar Muhammadu Buhari, derrotou o presidente Goodluck Jonathan na eleição presidencial por uma diferença de mais de 2 milhões de votos.

Buhari se torna, assim, o primeiro nigeriano a tirar do poder um presidente pelo voto, assumindo o controle da maior economia da África e de uma das democracias mais turbulentas do continente.

Buhari conquistou 15,4 milhões de votos, enquanto Jonathan obteve 13,3 milhões, indicou nesta terça-feira (31) uma contagem em todos os 36 Estados do país.

Jonathan, que tentava a reeleição, telefonou para Buhari nesta terça-feira (31) para parabenizá-lo pela vitória na eleição deste fim de semana, disse Lai Mohammed, um porta-voz do líder eleito.

"Acho que ele reconheceu sua derrota. Sempre houve o temor de que ele não fizesse isso, mas ele permanecerá como um herói por ter tomado essa medida. A tensão cairá dramaticamente", disse.

O ato sem precedentes deve ajudar a diminuir o descontentamento entre os partidários de Jonathan.

O Partido Democrático do Povo, de Jonathan, estava no poder desde o fim do regime militar, em 1999, mas vinha perdendo popularidade por causa de uma série de escândalos de corrupção e pelo aumento da insurgência do Boko Haram no nordeste do país.

O austero e rígido general reformado, que diz ter se convertido à democracia, prometeu que porá fim à insurgência do Boko Haram. A facção extremista deixou milhares de mortos, muitos dos quais civis, sequestrou até meninas e jurou lealdade ao Estado Islâmico.

Críticos e partidários concordam que Buhari é um líder que não tratou o Tesouro do país como seu cofrinho pessoal.

Durante sua breve ditadura (1984-1985), ele governou com mãos de ferro, prendendo pessoas até mesmo por desordem e ordenando funcionários que chegavam atrasados a fazer agachamentos.

Ele silenciou a imprensa e prendeu jornalistas para esconder a crescente crise econômica enquanto caía o preço do petróleo, do qual a economia da Nigéria depende. No fim, ele foi deposto por seus próprios soldados.

Editoria de arte/Folhapress

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