Folha de S. Paulo


Exército iraquiano expulsa Estado Islâmico do centro de Tikrit

As tropas iraquianas retomaram nesta terça-feira (31) a sede do governo provincial em Tikrit, quase um mês depois do início de uma ofensiva contra esta cidade do norte do Iraque controlada pela facção radical Estado Islâmico (EI).

"Nossas forças de segurança atingiram o centro de Tikrit e liberaram as zonas sul e oeste. Agora estão avançando para retomar o controle de toda a cidade", informou o premiê Haidar al-Abadi em um comunicado.

Alaa Al-Marjani/Reuters
Soldados iraquianos celebram retomada do centro de Tikrit e exibem bandeira do EI capturada
Soldados iraquianos celebram retomada do centro de Tikrit e exibem bandeira do EI capturada

Este é o avanço mais significativo desde o início, em 2 de março, da ofensiva do exército do Iraque. Trata-se da mais importante ofensiva por terra contra os radicais desde que, em junho, o EI assumiu o controle de amplas áreas no país, sobretudo na região norte.

Raad al-Juburi, o governador de Saladino, cuja capital provincial é Tikrit, confirmou a retomada da sede do governo local e destacou que as bandeiras do Iraque foram hasteadas novamente em vários edifícios.

O porta-voz da milícia xiita Badr, Karim al-Nuri, também confirmou a informação. As Unidades de Mobilização Geral (UMG, forças paramilitares de maioria xiita) também participaram nos combates.

Alguns combatentes destas milícias xiitas que apoiam o exército iraquiano se retiraram na semana passada da ofensiva, depois que que os Estados Unidos bombardearam posições do EI em Tikrit.

Alguns líderes dos combatentes acusaram Washington de querer "roubar a vitória" na cidade, enquanto suas forças, apoiadas pelo Irã, realizaram a maior parte do esforço, segundo eles.

Os EUA pediram um papel maior das forças de segurança iraquianas na batalha de Tikrit em troca de sua intervenção. Na sexta-feira (27), o Pentágono chegou a celebrar a retirada das "milícias xiitas vinculadas a, infiltradas por ou sob a influência do Irã".

A coalizão internacional de combate ao EI, liderada pelos EUA, anunciou que executou três ataques aéreos na região de Tikrit entre domingo e segunda-feira.

Depois de conquistar o apoio de seus respectivos lados, ao declarar que não pretendiam combater juntos, Estados Unidos e as milícias xiitas seguem na ofensiva sobre Tikrit.

As principais milícias das Unidades de Mobilização Popular desempenharam um papel chave em operações contra o EI em diversas áreas ao norte de Bagdá, mas foram acusadas de cometer abusos e de execuções sumárias.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, afirmou na segunda-feira em Bagdá que o Iraque deve "levar os grupos armados voluntários a combater sob o controle governamental".

"Os civis libertados da brutalidade do Daesh (acrônimo do EI em árabe) não deveriam temer seus libertadores", completou.

Apesar do avanço do exército iraquiano, a violência continua. Nesta terça, um atentado suicida contra um ônibus no qual viajavam peregrinos iranianos na região de Taji, ao norte da capital, deixou quatro mortos e 11 feridos, segundo fontes médicas.

Nenhum grupo reivindicou o ataque até o momento, mas os atentados suicidas no Iraque costumam levar a marca dos extremistas sunitas do EI, que consideram os xiitas apóstatas e alvos de suas agressões.


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