Folha de S. Paulo


Irã recua de ponto-chave de acordo nuclear, diz jornal

A dois dias do prazo final para a obtenção de um acordo entre o Irã e as potências ocidentais do grupo P5+1, que inclui os EUA, o governo iraniano recuou de um ponto-chave das negociações e disse que não está mais disposto a enviar seu combustível nuclear para fora do país.

Em Lausanne (Suíça), onde o acordo está sendo discutido, o vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, declarou a repórteres de seu país que a exportação de estoques de urânio enriquecido "não está no programa". "Não temos a intenção de mandá-lo para fora do país", frisou Araqchi.

A declaração, reproduzida pela agência France Presse, foi confirmada pelo jornal americano "The New York Times" com funcionários dos governos ocidentais envolvidos na negociação. Sob anonimato, esses funcionários disseram que uma das opções estudadas é diminuir a concentração do urânio sem que ele precise sair do Irã.

Por meses, os iranianos deram sinais de que concordavam provisoriamente em enviar uma grande parcela de seu estoque de urânio para a Rússia, onde ele não seria acessível para uso em nenhum futuro programa de armas.

O recuo do Irã levantará um obstáculo potencial num momento delicado das negociações e deve intensificar as críticas ao acordo, vindas de vários setores –principalmente de Israel, da oposição republicana no Congresso e da Arábia Saudita. Para os críticos, é inviável permitir que grandes quantidades de combustível nuclear permaneçam em território iraniano.

O objetivo das potências ocidentais é impedir que o Irã possa enriquecer urânio até níveis suficientes para produzir uma bomba atômica. Em troca disso, as sanções econômicas impostas ao regime iraniano seriam relaxadas.

Teerã sempre negou que pretendesse produzir a bomba e diz que seu programa nuclear visa a obtenção de energia para fins pacíficos.


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