Folha de S. Paulo


Eleição presidencial de 2016 já domina debate nos EUA

Apesar de a eleição que definirá o sucessor do presidente democrata Barack Obama só ocorrer em novembro de 2016, em Washington não se fala de outra coisa.

Na segunda-feira (23), o ultraconservador Ted Cruz,44, anunciou que concorreria à nomeação republicana para a disputa presidencial.

Hillary Clinton, 67, deve anunciar sua pré-candidatura pelo Partido Democrata em abril, e o republicano John Ellis Bush, 62, mais conhecido pelo apelido Jeb, formado por suas iniciais, deve lançar sua campanha em maio.

A ex-secretária de Estado, ex-senadora e ex-primeira-dama é considerada a candidata "inevitável" de seu partido, que não teria um plano B.

Já do lado republicano, Jeb, ex-governador da Flórida e filho e irmão de ex-presidentes, é favorito pelo fato de sua família ter uma rede de contatos que pode lhe render uma arrecadação recorde. Ele, porém, terá de enfrentar ao menos outros 20 candidatos, em uma inflacionada disputa entre os opositores de Obama.

Darren McCollester/AFP Photo
Senador pelo Texas, Ted Cruz foi o primeiro político a anunciar pré-candidatura nos EUA
Senador pelo Texas, Ted Cruz foi o primeiro político a anunciar pré-candidatura nos EUA

Segundo as pesquisas, os favoritos nas primárias republicanas, que começam em janeiro, são Jeb, o governador de Wisconsin, Scott Walker, 47, e o senador por Kentucky Rand Paul, 52. Mas nenhum deles chega a sequer 20% das intenções de voto entre seus correligionários.

Os candidatos, que já disputam espaço em telejornais e talk shows, têm nove meses para montar equipes e arrecadar fundos. "Temos a mais aberta e disputada campanha entre os republicanos em tempos modernos", disse à Folha o colunista conservador Jimmy LaSalvia, professor do Instituto Dole de Política da Universidade de Kansas.

"Os mais conservadores são representados de forma desproporcional nas primeiras primárias de Iowa e Carolina do Sul e têm uma energia e um entusiasmo que falta aos republicanos da corrente dominante", diz. "Muitos moderados se cansaram das primárias, o que só reforçou os conservadores."

Muitos dos 20 pré-candidatos republicanos, vários deles apenas tentando nacionalizar seus nomes ou se cacifar para a vaga de vice, cortejam a base evangélica mais conservadora.

Jeb, por enquanto, tenta se diferenciar especialmente do legado de seu irmão George W. Bush, das guerras do Iraque e do Afeganistão e da grande crise financeira. Em vários discursos, diz que "não sou meu pai nem meu irmão, sou eu próprio". Mas, na quinta-feira (26), recrutou o irmão para participar de uma arrecadação de fundos no Texas.

DEMOCRATAS

Nas pesquisas entre os democratas, Hillary tem mais de 40 pontos percentuais de vantagem sobre qualquer outro candidato do partido. "Ela é nossa candidata inevitável, é a mais experiente de todos", diz o estrategista democrata John Hagner.

Nesse clima de "quase já ganhou", Hillary tem evitado a imprensa –em uma de suas últimas entrevistas, cometeu a gafe de dizer que ela e o ex-presidente Bill Clinton estavam "quebrados" quando saíram da Casa Branca, atestado de pobreza que foi ridicularizado nas redes sociais.

Ainda assim, os dois últimos "escândalos" contra ela, o fato de não usar e-mail do governo nos quatro anos em que foi secretária de Estado e a falta de segurança que resultou na morte do embaixador americano em Benghazi, Líbia, não mobilizaram o eleitorado. Ela derrota qualquer um dos republicanos por dez ou quinze pontos de vantagem.

Com a economia crescendo (3,6% este ano e 3% no ano que vem) e a popularidade do plano de saúde de Obama em alta, o debate entre analistas políticos é qual tema dominará a campanha. Dois despontam: desigualdade social e segurança nacional.

Para David Axelrod, principal marqueteiro de Obama em 2008 e 2012, a recuperação econômica acalmou o país, mas a classe média quer saber mais sobre "sua segurança financeira para o futuro". As ameaças do terrorismo, como o Estado Islâmico, viriam em segundo lugar.

Vários dos republicanos têm pouca ou nenhuma experiência internacional, e Jeb tem o "legado" do irmão; Hillary foi secretária de Estado e é mais intervencionista (e bélica) que Obama, o que pode atrair críticas dentro de seu próprio partido.

Editoria de arte/Folhapress

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