Folha de S. Paulo


Segundo jornal americano, copiloto da Germanwings teria problema de visão

O copiloto Andreas Lubitz, 27, acusado de ter derrubado deliberadamente um Airbus A320 da companhia alemã Germanwings, que caiu na última terça-feira (24) nos Alpes franceses e matou seus 150 ocupantes, teria um problema de visão.

Segundo reportagem publicada neste sábado pelo jornal americano "The New York Times", que credita essa informação a fontes oficiais ligadas a investigação, Lubitz procurou tratamento para um possível problema de visão, que, se confirmado, poderia colocar em risco suas habilidades como piloto e, inclusive, fazê-lo perder o emprego.

A revelação da possibilidade desse problema adiciona um novo elemento ao caso, já que nesta sexta-feira (27) a Promotoria de Düsseldorf informou ter encontrado provas de que o copiloto Andreas Lubitz teria ocultado da Germanwings que sofria de uma doença psiquiátrica.

Ainda não está claro se o problema de visão está relacionado à condição psicológica de Lubitz. Uma pessoa que acompanha de perto a investigação do caso disse que as autoridades não descartaram, porém, a possibilidade do problema nos olhos ser psicossomático.

EX-NAMORADA

O jornal alemão "Bild" publicou neste sábado entrevista com uma comissária de bordo identificada apenas como Maria W., de 26 anos, que afirmou ter mantido um relacionamento com Lubitz em 2014.

De acordo com ela, o copiloto planejava um grande gesto do qual todos se lembrariam dele.

"Quando soube do acidente, lembrei de uma frase que ele me disse algumas vezes", contou Maria. "Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele", completou ela.

"Na época, não sabia o que ele queria dizer com isso, mas agora é óbvio", disse. "Ele fez isso porque percebeu que, devido a seus problemas de saúde, seu grande sonho de trabalhar na Lufthansa, de ter o cargo de piloto em voos de longa distância, era praticamente impossível."

Maria ainda disse que Lubitz nunca falou muito sobre sua doença, "somente que estava em tratamento psiquiátrico".

INVESTIGAÇÕES

Os serviços de resgate da França realizam neste sábado o quinto dia de rastreamento na região dos Alpes franceses, onde o avião, que fazia o trajeto entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha), caiu.

A Promotoria de Düsseldorf informou nesta sexta-feira (27) ter encontrado provas de que o copiloto Andreas Lubitz teria ocultado da Germanwings que sofria de uma condição médica não especificada pelos promotores.

De acordo com o jornal americano "The New York Times", tratava-se de doença mental. Não foram divulgados detalhes.

Segundo os promotores, os documentos eram um atestado médico que o afastava do trabalho e a prescrição de um tratamento para a doença. Os dois papéis foram encontrados rasgados dentro do apartamento de Lubitz, em Düsseldorf.

Os investigadores afirmam que as prescrições foram feitas horas antes da queda do avião, o que sustenta a versão de que ele teria escondido a doença da Germanwings e de seus colegas de trabalho.

Porém, a Promotoria negou a existência de qualquer prova de que o copiloto teria agido por motivação política ou religiosa, assim como não encontrou uma carta de despedida, comum em casos de suicídio.

Os resultados revelados pela Promotoria nesta sexta foram coletados por policiais que revistaram o apartamento de Andreas Lubitz em Düsseldorf e na casa de seus pais em Montabaur.

Em entrevistas, vizinhos afirmam que o copiloto tinha uma excelente condição física, que corria todos os dias e não fumava ou bebia regularmente. A imprensa alemã, porém, afirma que ele passou por tratamento psicológico diversas vezes.

Editoria de arte/Folhapress

Segundo o jornal "Bild", isso poderia ter sido provocado pelo rompimento de um namoro de sete anos. Os promotores alemães que investigam o caso, no entanto, não confirmaram nem negaram as afirmações.

Além da liberação da Lufthansa, o copiloto tinha o certificado médico de terceira classe da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos, significando que ele estaria livre de doenças como psicose, transtorno bipolar e de personalidade.

Isso significa que ele não sofria nenhuma doença psicológica que o faria incapaz de desempenhar sua função como piloto.

Em entrevista, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, pediu à Lufthansa que dê todas as informações necessárias sobre o piloto. "Apenas dessa forma poderemos entender por que esse piloto chegou ao ponto de fazer essa ação terrível."


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