Folha de S. Paulo


Irã condena bombardeio saudita contra aliados xiitas no Iêmen

O Irã condenou nesta quinta (26) os bombardeios da Arábia Saudita no Iêmen, que deram início a uma intervenção de países do Oriente Médio contra rebeldes houthis.

Islâmicos xiitas assim como os iranianos, os houthis provocaram em janeiro a dissolução do Parlamento e a renúncia do presidente Abdo Rabbo Mansur Hadi, apoiado pelos vizinhos sauditas, a ONU e os Estados Unidos.

Em nota divulgada pelo governo, o presidente iraniano, Hasan Rowhani, disse que os ataques deveriam ser evitados para impedir a deterioração da situação do país.

Enquanto isso, o chanceler Mohammad Javad Zarif pediu o fim imediato dos ataques. "Este tipo de ação só levará a derramamento de sangue e não diminuirá a crise."

O Irã, que dá apoio aos houthis, é acusado pelos sauditas de financiar e treinar as milícias para derrubar o presidente e ter mais um aliado no Oriente Médio.

O ataque saudita também foi condenado pelo líder russo, Vladimir Putin, que pediu o fim imediato dos bombardeios, pela China e pela Síria.

Por outro lado, o governo da Arábia Saudita disse estar preparado para invadir por terra o Iêmen se os houthis não recuarem.

"Vamos fazer o necessário para proteger o governo legítimo do Iêmen e para enfrentar os perigos das milícias", disse o embaixador saudita nos EUA, Adel al-Jubeir.

Além dos ataques aéreos, os sauditas também destinaram 150 mil soldados para a região de fronteira. O país acolhe Hadi, que chegou na quarta à capital, Riad.

O segundo apoiador da ofensiva é o Egito, que enviou cinco navios de guerra e ofereceu tropas para uma invasão terrestre. Também integram a coalizão monarquias do golfo Pérsico e países como Jordânia e Marrocos.

Em resposta aos ataques, o líder rebelde, Abdulmalik al-Houthi, declarou que o Iêmen se tornará um "cemitério de invasores" se houver uma ofensiva por terra.

Editoria de arte/Folhapress

EUA

O bombardeio saudita também foi respaldado por Estados Unidos e Reino Unido. O governo americano ofereceu apoio logístico e de inteligência aos interventores.

O apoio aos sauditas pode colocar o país de novo em rota de colisão contra o Irã, a uma semana do prazo final para fechar um acordo nuclear com o país persa.

Outro agravante é a interferência americana na ação do governo iraquiano contra o Estado Islâmico em Tikrit.

Um dia após o bombardeio à região, milícias xiitas que lutavam contra o EI, treinadas por Teerã, deixaram os combates na cidade.


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