Folha de S. Paulo


Intervenção saudita no Iêmen ganha apoio; rebeldes convocam protestos

A intervenção militar no Iêmen iniciada na noite de quarta-feira (25) pela Arábia Saudita a fim de conter o avanço dos rebeldes houthis recebeu o apoio de diversos países incluindo o Egito e o Reino Unido. O Irã e Síria, por sua vez, condenaram a ação militar saudita. Am resposta à operação, os insurgentes convocaram manifestações de apoio para esta quinta-feira (26).

Os países envolvidos na operação até agora são os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, o Kuait e o Qatar, além do Egito, que anunciou apoio político e militar à intervenção saudita, posicionando quatro navios de guerra no golfo de Áden.

O Paquistão, a Jordânia, o Marrocos e o Sudão devem participar da operação, informou a imprensa saudita nesta quinta.

Khaled Abdullah/Reuters
Defesa Civil trabalha em escombros de local atacado pela Arábia Sauditas em Sanaa, no Iêmen
Defesa Civil trabalha em escombros de local atacado pela Arábia Sauditas em Sanaa, no Iêmen

A Turquia e do Reino Unido também anunciaram apoio à intervenção saudita no Iêmen nesta quinta.

"Nós apoiamos a intervenção militar saudita no Iêmen iniciada após o pedido do presidente Hadi por toda ajuda possível para proteger o país e para conter a agressão houthi", declarou a chancelaria britânica em um comunicado.

A Casa Branca declarou na quarta que ofereceu ajuda militar e de inteligência para a Arábia Saudita, mas que não participou diretamente dos bombardeios no Iêmen.

O chanceler iemenita, Riad Yassin, saudou a intervenção militar iniciada para conter os rebeldes.

"Eu espero que os houthis ouçam o som da razão. Por tudo o que têm feito, eles provocaram essa situação".

O Irã pediu a suspensão imediata dos ataques aéreos, classificados pelo chanceler do país como um "passo perigoso" que pode piorar a crise no Iêmen. O Irã é suspeito de dar suporte aos insurgentes xiitas.

A agência estatal de notícias da Síria declarou que a operação saudita é uma "grande agressão". O regime de Bashar Assad, alvo de uma insurgência iniciada em 2011, é aliado do Irã.

Em resposta aos ataques aéreos sauditas, os rebeldes houthis convocaram seus apoiadores a manifestações de rua nesta quinta.

Naiyf Rahma/Reuters
Protesto de apoiadores da milícia xiita Houthi em Sadaa, reduto do grupo no norte do Iêmen
Protesto de apoiadores da milícia xiita Houthi em Sadaa, reduto do grupo no norte do Iêmen

OFENSIVA POR TERRA

Segundo a emissora saudita Al-Arabiya, foram mobilizados cem aviões militares e 150 mil soldados, além de tropas da Marinha, para bombardear posições dos rebeldes houthis na capital Sanaa e em outros lugares no Iêmen por meio de ataques aéreos. No entanto, uma ofensiva terrestre pode ser iniciada.

"Nós não podemos atingir o objetivo de restaurar o governo legítimo controlando o céu do Iêmen (...), uma ofensiva por terra pode ser necessária para restabelecer a ordem", declarou à Reuters uma fonte saudita especializada em assuntos de Defesa.

A situação no Iêmen se deteriorou desde que os rebeldes xiitas da milícia Houthi assumiram o controle de partes de Sanaa em setembro, reivindicando maior participação política.

Em janeiro, milicianos do grupo intensificaram ataques contra o presidente Abdo Rabbo Mansur Hadi, que chegou a renunciar após ter a sua casa cercada.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

No início deste mês, Hadi fugiu para a cidade portuária de Áden, onde retirou a sua renúncia. Desde então, os houthis iniciaram uma ofensiva rumo ao sul, conquistando localidades importantes a fim de capturar Hadi.

Visto que os rebeldes se aproximavam de Áden e que aviões atacavam o palácio onde vivia na cidade, Hadi solicitou intervenção militar internacional e fugiu do Iêmen com aliados em embarcações nesta quarta.

Hadi foi eleito após a deposição do ditador Ali Saleh em 2012 em meio à Primavera Árabe. Suspeita-se que Saleh apoie os rebeldes houthis para promover instabilidade política.

O Iêmen, país mais pobre do Oriente Médio, é fragmentado entre insurgentes, separatistas e células terroristas, como a Al-Qaeda. Teme-se que a instabilidade política atual leve a uma guerra civil.


Endereço da página: