Folha de S. Paulo


FBI precisa melhorar espionagem e contratar linguistas, diz relatório

O FBI, a polícia federal americana, precisa "urgentemente" melhorar sua capacidade de espionagem e contratar mais linguistas para conter as ameaças contra os EUA, segundo um relatório divulgado nesta quarta (25), que avaliou a evolução da agência desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

Depois de apontar que o FBI melhorou sua coleta e compartilhamento de dados, mas sua capacidade de adquirir informações de novas fontes e de analisá-las está "defasada" em relação à capacidade de aplicação da lei.

"Esse desequilíbrio precisa urgentemente ser corrigido para dar conta ameaças à segurança nacional cada vez mais complexas e maiores, de terroristas cada vez com mais domínio da tecnologia, com mais hackers e que atuam de forma mais global", diz o relatório, preparado pelo ex-secretário da Justiça Edwin Meese 3º, pelo professor Bruce Hoffman, da Universidade Georgetown, e pelo ex-deputado e ex-embaixador na Índia Timothy Roemer.

O estudo diz que, embora possua linguistas em número suficiente em sua sede, em Washington, há falta deles no resto do país. "Contratá-los e integrá-los ao sistema para trabalhar com analistas e agentes de forma remota deveria ser uma alta prioridade", sugere.

Essa comissão de revisão do trabalho do FBI foi criada pelo Congresso americano no ano passado para avaliar os progressos da comissão, desde as recomendações da Comissão de 11/9 feitas em 2004.

Logo após os atentados, críticas foram disparadas à CIA, ao FBI, ao Pentágono e ao Departamento de Estado, e especialmente à falta de diálogo e coordenação entre esses diferentes departamentos, onde rivalidades e disputa por orçamentos cada vez mais enxutos são antigas.

O FBI possui 11 mil funcionários em seu escritório central na capital americana, dos quais 3 mil têm fluência em outro idioma. Sua equipe é capaz de traduzir e analisar textos em 121 línguas e dialetos. Em 2012, o FBI possuía 1400 linguistas, dos quais 800 eram profissionais terceirizados.

Os idiomas onde a agência concentrou mais investimentos ultimamente são o árabe, o urdu (língua nacional do Paquistão e falada no Afeganistão também) e o farsi (língua oficial do Irã). Mandarim (da China), pashtu (segunda língua do Paquistão e do Afeganistão) e somali são igualmente consideradas prioridades.

"Em 2015, o FBI enfrenta um ambiente global de ameaças cada vez mais complicadas e perigosas, que exigem um compromisso acelerado com as mudanças. Tudo está mudando mais rápido", diz o relatório, que ainda admite que os cortes no Orçamento do governo federal "atingiram severamente os programas de segurança e inteligência".

Nas últimas semanas, vários especialistas em terrorismo têm sublinhado o aparente domínio da tecnologia e das redes sociais de grupos como a milícia Estado Islâmico.


Endereço da página: