Folha de S. Paulo


Venezuela denuncia EUA em órgão regional por 'declaração de guerra'

A Venezuela denunciou os Estados Unidos nesta terça-feira (17) perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), por conta das sanções aplicadas contra autoridades venezuelanas e pela classificação do país sul-americano como "ameaça à segurança nacional". Na denúncia, a Venezuela considerou as medidas uma "declaração de guerra".

O representante do governo venezuelano para Direitos Humanos, Germán Saltrón, falou sobre a tensão de seu país com os EUA durante uma audiência da CIDH sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela.

Federico Parra - 11.mar.2015/AFP
Graffiti em Caracas sobre Tio Sam, marca dos Estados Unidos
Graffiti em Caracas sobre Tio Sam, marca dos Estados Unidos

"Agora nos ameaça o governo dos EUA. O presidente [Barack] Obama declarou que o Estado venezuelano é um Estado fugitivo e inimigo dos EUA. Isso é uma declaração de guerra contra a Venezuela, contra a América Latina e o mundo", afirmou Saltrón.

"A Venezuela está no dever de denunciá-lo nesta comissão e em todos os organismos de direitos humanos", acrescentou.

Saltrón considerou que as medidas anunciadas pelos EUA representam "uma ameaça para todos os Estados", porque "todos os países violam" em maior ou menor medida os direitos humanos.

"Se o pretexto para intervir em um país é a violação de direitos humanos, significa que os EUA também podem ser invadidos, porque são o principal violador de direitos humanos do mundo", comentou.

As relações entre EUA e Venezuela, cada vez mais debilitadas desde que ficaram sem embaixadores em 2010, se agravaram depois que Obama declarou na semana passada uma "emergência nacional" pelo "risco" que a situação na Venezuela representa para seu país.

Além disso, Obama implementou e ampliou sanções aprovadas pelo Congresso americano em dezembro contra sete autoridades venezuelanas, cujos ativos nos EUA foram congelados, além de serem proibidos de entrar no país.

As declarações de Saltrón perante a CIDH ocorrem dois dias antes de a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, comparecer ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para falar sobre as medidas tomadas pelos EUA, qualificadas pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de "aberrantes" e "ilegais".

Por sua vez, os EUA defenderam seu direito "soberano" de impor sanções sobre seu próprio território e seu sistema financeiro, e nesta quarta (18) o subsecretário-adjunto para a América Latina do Departamento de Estado, Alex Lee, assegurou que as sanções não pretendem provocar a queda do governo de Maduro nem "sabotar a economia venezuelana".


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