Folha de S. Paulo


Ataque perto do Parlamento tunisiano mata 19; dois atiradores são mortos

O Museu do Bardo, uma das principais atrações turísticas de Túnis, capital da Tunísia, foi alvo de um ataque armado nesta quarta-feira (18) que deixou 19 pessoas mortas, sendo 17 estrangeiros, e mais de 50 feridos.

Até o início da madrugada desta quinta, a ação não fora reivindicada por nenhum grupo terrorista. Este foi o pior atentado em 13 anos no país do norte da África, um dos mais laicos no mundo árabe.

Por volta das 12h30 (8h30 em Brasília), dois homens com uniformes militares e armados com fuzis e granadas abriram fogo contra turistas que chegavam de ônibus ao museu do século 15. Nesta ação, oito pessoas morreram.

Em seguida, outros terroristas levaram dezenas de reféns para dentro do prédio e mataram dez deles. Depois de três horas de cerco, policiais abateram os criminosos e controlaram o ponto turístico. Um agente morreu na ação.

Segundo o primeiro-ministro tunisiano, Habib Essid, morreram quatro italianos, dois espanhóis, dois colombianos, um francês, um polonês e um australiano. O governo do Japão confirmou a morte de três cidadãos do país -as primeiras informações divulgadas davam conta de cinco japoneses mortos.

As outra nacionalidades não foram reveladas.

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Além dos turistas, os atiradores mataram um policial e um motorista de ônibus tunisianos. Após rumores levantados pela agência de notícias Efe, o Itamaraty não confirmou haver brasileiros entre os mortos ou feridos na tragédia.

O Museu do Bardo fica ao lado do Parlamento tunisiano, onde era discutida a lei antiterrorismo. A sessão foi retomada pelos deputados na noite desta quarta.

A ação foi condenada na Tunísia e por governos de todo o mundo. No início da noite, milhares de pessoas protestaram nas ruas de Túnis contra o atentado ao museu do Bardo e o terrorismo.

O presidente da Tunísia, Beiji Caid Essebsi, disse que o país continuará em guerra contra o terrorismo. "Estes grupos selvagens minoritários não vão nos assustar e a luta continuará até que eles sejam exterminados."

Em nota, a Casa Branca ofereceu assistência ao governo tunisiano para encontrar os responsáveis. A ação também foi condenada pela ONU, por países da União Europeia como França, Itália e Reino Unido e pelo governo brasileiro.

AUTORIA

Editoria de arte/Folhapress

O ataque ainda não foi reivindicado por nenhuma facção terrorista, embora a principal suspeita se volte para o Estado Islâmico. A Tunísia é um dos principais fornecedores de jihadistas para a milícia na Síria e no Iraque.

O governo tunisiano informou que os dois atiradores mortos são Yassine Labidi, da cidade de Kasserine, e Hatem Khachnaoui, de um bairro da periferia de Túnis.

Em entrevista à imprensa local, o pai do segundo atirador disse que o filho estava desaparecido havia três meses, desde que ligou do Iraque dizendo que se unira ao EI.

A Tunísia é o único país que conseguiu manter um governo democrático laico após a Primavera Árabe, em 2011. Sofre influência, porém, de grupos radicais que querem a aplicação da sharia, a lei islâmica, e de células terroristas da Líbia.

MUSEU DO BARDO

O Museu Nacional do Bardo é o maior museu da Tunísia e expõe mais de 8.000 obras, incluindo uma das maiores coleções do mundo de mosaicos romanos.

Ele fica próximo ao Parlamento tunisiano, a quatro quilômetros do centro de Túnis.

Instalado em um palácio do século 15, o museu acolhe milhares de visitantes por ano.

O maior número foi registrado em 2005, com 600.000 pessoas. Em 2011, ano da revolução ocorrida em meio à Primavera Árabe, apenas 100.000 o visitaram.


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