Folha de S. Paulo


Brasileiro acusado de ligação com o EI ficará um ano preso, diz promotor

O adolescente brasileiro Kaíke Luan Ribeiro, 18, acusado de ligação com a facção terrorista Estado Islâmico (EI), ficará em prisão preventiva por ao menos mais um ano até ser julgado.

A previsão é do responsável pela acusação contra Ribeiro, o promotor-chefe da Audiência Nacional da Espanha, Javier Zaragoza, que falou nesta terça (17) à Folha.

O goiano, que vive há sete anos na Espanha, foi preso em dezembro na Bulgária pela Interpol. Ele viajava de carro para a Síria, onde se uniria às frentes de batalha do EI, segundo a polícia da Catalunha, que conduziu investigação de seis meses sobre Ribeiro.

Ele responderá pelo crime de associação a organização terrorista ante a Audiência Nacional, a mais alta corte da Justiça espanhola, e pode pegar até 12 anos de prisão.

Delian Avramov/Dneven Trud
O brasileiro Kaíke Ribeiro é escoltado por policiais durante uma audiência no tribunal da Bulgária em que foi julgado
O brasileiro Kaíke Ribeiro é escoltado por policiais durante uma audiência em tribunal na Bulgária

Desde janeiro, quando foi extraditado da Bulgária para a Espanha, o brasileiro é mantido em prisão preventiva, sem direito à fiança.

A família disse que tinha esperanças de que ele sairia nas próximas semanas, mas Zaragoza prevê que o brasileiro aguarde o julgamento atrás das grades ao menos por mais um ano devido à alta demanda gerada por casos desse tipo.

"Ele foi preso em um momento no qual o terrorismo jihadista está na ordem do dia na Espanha. Temos uma fronteira muito delicada", disse.

Com os atentados da rede terrorista Al Qaeda ao metrô de Madri, em 2004, o governo espanhol montou uma das maiores estruturas de investigação ao jihadismo dentro da Europa. Desde os ataques em Paris em janeiro deste ano, no entanto, a polícia espanhola acelerou as operações.

Só em 2015, 27 supostos jihadistas foram presos dentro da Espanha, dois a mais que em todo o ano passado. Na última semana, a polícia espanhola deteve oito pessoas acusadas de formar uma célula do EI dentro do país, que já havia enviado mais de cem pessoas às fileiras da milícia.

Ribeiro vinha sendo investigado desde junho por supostos contatos com membros do EI por internet e e-mail. Ele foi levado à Espanha no fim de janeiro e, desde então, já passou por três presídios.

Atualmente, Ribeiro está em um complexo penitenciário na região de Castela e Leon e, segundo a promotoria, nega qualquer contato com o EI. Ele alegou que viajava de turismo com dois amigos, também presos.

O advogado do brasileiro, Javier Tomas, não respondeu à Folha.


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