Folha de S. Paulo


Negociar com ditador sírio é como cumprimentar Hitler, diz líder turco

O premiê da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse nesta terça-feira (17) que negociar com o ditador da Síria, Bashar Assad, seria como apertar as mãos do líder nazista Adolf Hitler. A fala reafirma o desacordo da Turquia em relação à política de Washington para a Síria.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, havia dito no domingo (15) que os Estados Unidos estariam dispostos a negociar com Assad.

Nesta segunda-feira (16), o Departamento de Estado dos EUA negou haver intenções em negociar com Assad. A porta-voz Jennifer Psaki disse que "representantes do regime de Assad devem fazer parte do processo" de paz, mas o próprio Assad não participará "jamais". "Não é o que Kerry queria dizer", acrescentou.

Ozan Kose - 24.mai.2013/AFP
Manifestantes em Istambul gritam palavras de ordem e seguram placa contra o ditador sírio Bashar Assad
Manifestantes em Istambul gritam palavras de ordem e seguram placa contra o ditador sírio Bashar Assad

Davutoglu afirmou ainda em encontro com membros de seu partido que as vozes do Ocidente que propõe negociações com Assad "fazem-nos questionar nossos valores humanos".

"Apesar de todos os massacres, apesar do uso de armas químicas que passou dos limites, se você ainda assim apertar as mãos de Assad, esse cumprimento será lembrado ao longo da história", afirmou o premiê turco em um discurso televisionado.

"Não há diferença entre apartar as mãos de Assad ou de Hitler, Saddam, Karadzic, Milosevic".

Desde o início da guerra civil na Síria, os EUA têm apoiado os grupos de oposição a Assad, mas nos últimos tempo têm se focado em combater a milícia radical Estado Islâmico (EI), que controla partes do país.

A Turquia tem sido um parceiro relutante na coalizão internacional de combate ao EI, recusando a aumentar a sua cooperação militar sem um plano para a Síria que inclua a queda de Assad.


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