Folha de S. Paulo


Palestinos veem eleição de terça-feira em Israel com indiferença

Quando os israelenses decidirem quem será seu premiê, estarão também determinando quem poderá se sentar, no futuro, para negociar a paz com palestinos.

Mas, assistindo à campanha eleitoral do outro lado do muro que separa Israel da Cisjordânia, palestinos não fazem votos de que um ou outro candidato vença –as notícias das eleições são recebidas com desânimo.

"No passado, fazíamos cálculos e especulávamos sobre o resultado", diz à Folha Husam Zomlot, vice-comissário para as relações internacionais do Fatah (partido que controla a Cisjordânia). "Hoje, somos indiferentes."

"Há diferenças entre Binyamin Netanyahu e Isaac Herzog, mas ambos estão inseridos em um sistema que não está pronto para aceitar a solução de dois Estados", afirma Zomlot.

A estratégia da ANP (Autoridade Nacional Palestina) é seguir com seus passos internos e externos, como o recente reconhecimento da Palestina pelo governo sueco.

"Não nos importamos. É uma decisão israelense", afirma Xavier Abu Eid, porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina. "Pedimos do próximo governo o mesmo que pedimos deste: respeite a lei internacional."

Segundo Eid, a ANP irá negociar com quem quer que assuma o governo em Israel, "desde que sejam cumpridas as suas obrigações". "O mais importante é salvar a solução de dois Estados", afirma.

Um passo nessa direção é a histórica união entre partidos árabes, que podem conquistar 13 assentos no próximo Parlamento, tornando-se, assim, uma importante força. No passado, esses partidos concorriam sozinhos, obtendo resultados ruins.

"Mas a lista árabe não deve ter influência decisiva no processo de paz", diz o analista Yoav Tenenbaum. "Um governo liderado por Herzog tentaria negociar com mais vigor do que Netanyahu, sem garantias, porém, de que teria sucesso."


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