Folha de S. Paulo


Promotoria sueca propõe interrogar fundador do WikiLeaks em Londres

A Promotoria da Suécia anunciou nesta sexta-feira (13) que proporá ao fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, que seja interrogado na embaixada do Equador em Londres sobre as acusações de abuso sexual e estupro.

A decisão é uma reviravolta no caso e uma vitória da defesa. Desde 2012, quando Assange teve o asilo concedido pelo país sul-americano, os advogados pediam que o australiano fosse interrogado na capital britânica, mas a Promotoria negava.

John Stillwell - 18.ago.2014/AFP
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, em foto de 2014; Promotoria autoriza depoimento em Londres
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, em foto de 2014; Promotoria autoriza depoimento em Londres

Segundo a promotora Marianne Ny, que investiga o caso, a mudança de ideia se deve ao fato de que os dois crimes prescrevem em agosto. "Por consequência, tenho que aceitar uma perda de qualidade na investigação."

Por outro lado, ela afirma que, caso Assange seja indiciado, ele terá que ir ao país nórdico para o julgamento. O advogado do australiano, Per Samuelson, comemorou a decisão e disse que seu cliente aceitará prestar o depoimento em Londres.

"Ele aceitará. É algo que pedimos há quatro anos. É o caminho a seguir para que seja declarado inocente", disse o advogado, antes de informar que Assange está feliz com o avanço da investigação.

A medida ainda precisa da aprovação das autoridades do Reino Unido, para que os promotores possam fazer seu trabalho em Londres, e do Equador, já que o prédio da embaixada é considerado território do país sul-americano.

O fundador do WikiLeaks é acusado de estuprar e abusar sexualmente de duas mulheres durante visita à Suécia em agosto de 2010, mas não foi acusado formalmente pelos dois delitos.

Em dezembro do mesmo ano, ele foi detido em Londres, após a Suécia pedir sua prisão preventiva. A partir daí, começou uma batalha judicial no Reino Unido que terminou com a decisão da Suprema Corte, em 30 de maio de 2012, por sua extradição.

Vinte dias depois e na iminência de ser extraditado, Assange pediu asilo ao Equador na capital britânica, concedido dois meses depois. Desde então, ele mora na embaixada porque não recebeu o salvo-conduto britânico para viajar ao país sul-americano.

Toby Melville - 18.ago.2014/Reuters
Policiais britânicos ficam em frente à embaixada do Equador de prontidão caso Assange queira fugir
Policiais britânicos ficam em frente à embaixada do Equador de prontidão caso Assange queira fugir

TRIANGULAÇÃO

A preocupação do fundador do WikiLeaks é que a extradição para a Suécia signifique seu envio aos Estados Unidos, onde seria julgado por um tribunal militar pelo vazamento de informações confidenciais. A Justiça sueca nega ter esta intenção.

Desde 2009, o WikiLeaks publicou cerca de 600 mil documentos do Departamento de Estado e das Forças Armadas americanas sobre assuntos como as guerras no Iraque e no Afeganistão e as relações diplomáticas com diversos países do mundo.

A maior parte do material foi repassada ao site por Chelsea Manning, fuzileira naval que recolheu os dados dos sistemas do governo americano durante seu serviço no Iraque. Devido ao vazamento, ela foi condenada a 35 anos de prisão em 2013.


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