Folha de S. Paulo


México adia resgate de múmias de alpinistas em pico congelado

Os trabalhos de resgate de dois corpos congelados e mumificados avistados nesta semana próximo ao topo do Pico de Orizaba, foram suspensos até a próxima semana, informaram autoridades locais e um dos alpinistas que farão o resgate.

Os cadáveres, "aparentemente abraçados" e que segundo um alpinista veterano são dois de seus três companheiros desaparecidos há 55 anos numa avalanche, não poderiam ser carregados em macas de resgate. "É necessário que se fabrique uma caixa especial para carregá-los", disse Francisco Rodríguez, que fará o resgate, a uma rádio mexicana.

Juan Navarro, prefeito da cidade de Chalchicomula de Sesma, no estado de Puebla, próximo ao pico, disse que os trabalhos de resgate provavelmente prosseguirão na segunda se o tempo permitir e se a estratégia for definida.

Na última segunda-feira, um grupo de montanhistas afirmou ter avistado um crânio a 310 metros do topo da montanha. Na quinta-feira, 12 alpinistas mexicanos iniciaram a expedição de resgate, mas a espessa neblina só permitiu que um deles chegasse próximo aos cadáveres.

Ao chegar ao local conhecido como El Chichimeco, Rodríguez e o outro alpinista começaram a cavar ao redor do crânio e descobriram que ele ainda estava unido ao corpo, e que ao seu lado havia outro cadáver. Ambos ainda tinham restos de suas roupas.

"A posição [dos cadáveres] nos causou assombro porque parecem estar abraçados; o braço de um está sobre o corpo de outro", disse Rodríguez.

A notícia foi recebida com alegria por Luis Espinoza Ruiz, um alpinista veterano segundo o qual os cadáveres são de dois de seus três companheiros sepultados por uma avalanche numa expedição em 2 de novembro de 1959. Ele afirma que passou 20 anos procurando os corpos.

Os resgatistas não descartam que possa haver um terceiro corpo, pois só cavaram meio metro à direita e um pouco à esquerda do primeiro cadáver. "Pode haver outro corpo na parte inferior", disse Rodríguez.

Luis Espinoza, hoje septuagenário, afirma que às 3 da manhã de 2 de novembro de 1959 o grupo começou a subida ao Pico de Orizaba, que chega a 5.610 metros acima do nível do mar. Ao meio-dia, "ouvimos um estrondo tremendo e tudo o que caiu de neve por duas semanas no cone do vulcão deslizou."

O Pico de Orizaba está localizado nos limites territoriais dos Estados mexicanos de Puebla e Veracruz, e suas rotas de acesso são muito concorridas pelos amantes do alpinismo, que às vezes se perdem ou sofrem acidentes fatais.


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