Folha de S. Paulo


Relatório aponta discriminação racial na polícia de Ferguson, nos EUA

Um histórico de discriminação racial levou a polícia de Ferguson, no Estado de Missouri, a uma rotina de uso desproporcional de força contra a população negra, aponta relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos que deve ser divulgado nesta quarta-feira (4).

A investigação sobre a conduta dos policiais de Ferguson foi aberta após a morte de Michael Brown, um jovem negro de 18 anos, morto a tiros por um policial branco.

O oficial envolvido no caso, Darren Wilson, não foi indiciado, em decisão de um grande júri de St. Louis que desatou manifestações em todo o país.

De acordo com funcionários do Departamento, que adiantaram detalhes do documento, motoristas negros eram parados e revistados com frequência muito maior que os condutores brancos.

Além disso, os casos de negros tinham 68% menos probabilidades de serem rejeitados nas cortes municipais. O relatório aponta ainda que, de abril a setembro de 2014, 95% das pessoas mantidas na prisão na cidade por mais de dois dias eram negras.

O Departamento de Justiça afirma que a discriminação racial era em parte alimentada por estereótipos propagados pelas próprias autoridades que, segundo os investigadores, trocavam e-mails com piadas racistas.

Entre eles, está uma mensagem de 2008 que dizia que o presidente Barack Obama —eleito naquele ano— não permaneceria por muito tempo no cargo pois "que homem negro mantém um emprego estável por quatro anos"?

Ferguson é uma cidade em que a população é, em sua maioria, negra, enquanto oficiais do governo e a polícia são majoritariamente brancos.

Após a divulgação dos resultados da investigação, as autoridades da cidade terão de decidir entre negociar um acordo com o Departamento de Justiça ou possivelmente serem processados pelas violações.

Juntamente com o relatório, deve ser divulgado um outro documento com o resultado de uma investigação federal sobre o caso de Michael Brown.

A expectativa é de que o policial Darren Wilson seja liberado sem indiciamento.

O departamento realizou cerca de 20 investigações de direitos civis dos departamentos policiais durante o mandato do secretário de Justiça Eric Holder, incluindo em Cleveland, Newark, New Jersey e Albuquerque.

A maioria dessas investigações terminou com o departamento de polícia concordando em mudar suas práticas.


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