Folha de S. Paulo


Boko Haram divulga vídeo de decapitação imitando Estado Islâmico

A facção islâmica nigeriana Boko Haram postou um vídeo supostamente mostrando a decapitação de dois homens, a primeira vez que o grupo usa imagens e técnicas de edição avançadas que fazem lembrar filmagens do Estado Islâmico.

O vídeo, divulgado na segunda-feira (2), mostra militantes atrás de dois homens, que estão de joelhos e com as mãos amarradas atrás do corpo, com um homem de pé segurando uma faca.

Nas imagens, um dos homens diz que vem de Baga, no Estado de Borno, e o outro diz que é de Michika, no Estado de Adamawa, duas áreas onde o Exército disse que reconquistou áreas do Boko Haram.

Um dos homens diz para a câmera que eles foram pagos por autoridades para espionar o grupo militante, antes da filmagem mostrar outra cena, já com os corpos decapitados. Não foi possível confirmar a autenticidade ou data das filmagens.

Reprodução/YouTube/siaman
Militante do Boko Haram aponta faca para que refém confesse crime antes de ser decapitado em vídeo
Militante do Boko Haram aponta faca para que refém confesse crime antes de ser decapitado em vídeo

O vídeo vai aumentar preocupações de que o Boko Haram, que se desenvolveu a partir de um movimento clerical no nordeste da Nigéria, esteja expandindo e buscando inspiração de redes militantes globais, incluindo Al Qaeda e Estado Islâmico.

Os militantes, que mataram milhares e sequestraram centenas na tentativa de criar um estado islâmico em seu país, recentemente intensificaram ataques nas fronteiras com Camarões, Chade e Níger.

O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, disse que o Boko Haram é aliado da Al Qaeda e do Estado Islâmico, embora a informação não seja confirmada pelo grupo.

O uso de técnicas gráficas no vídeo do Boko Haram, a filmagem de militantes vestidos de preto com bandeiras pretas, e a edição que mostra somente o resultado da decapitação são particularmente recordativos das filmagens do Estado Islâmico, que tomou grandes partes do Iraque e Síria e matou diversos reféns.

Vídeos antigos do Boko Haram eram mais crus, geralmente apresentando um homem identificado como o líder Abubakar Shekau, falando mais sobre lutas locais do que globais.

O mais conhecido deles é o do sequestro de dezenas de meninas da cidade de Chibok, na Nigéria, em abril de 2014, que causou comoção mundial. Na época, personalidades como a primeira-dama americana, Michelle Obama, e a ativista paquistanesa Malala Yousafzai fizeram apelos por sua libertação.


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