Folha de S. Paulo


Investigadores dizem que assassinato de Nemtsov foi 'meticulosamente planejado'

O assassinato do opositor russo Boris Nemtsov, 55, na noite desta sexta-feira (27) em pleno centro de Moscou foi planejado detalhadamente, afirmaram os investigadores neste sábado (28), atentando para a arma utilizada e o conhecimento que os autores tinham dos movimentos de sua vítima.

"Não há dúvidas de que o crime foi meticulosamente planejado, assim como o local escolhido para o assassinato", a Grande Ponte de Pedra, ao lado do Kremlin, indicou o comitê de investigação.

Tudo leva a crer que "a arma utilizada é uma pistola Makarov", armamento curto usado pelas forças de polícia e pelo Exército russo e, portanto, de uso generalizado, acrescentam os investigadores por meio de um comunicado.

No local do incidente, os investigadores encontraram seis cápsulas de uma munição de calibre 9 mm, procedentes de fabricantes diferentes, o que dificulta a determinação de sua origem.

"Boris Nemtsov ia com sua companheira ao seu apartamento, perto do local do crime. É evidente que os organizadores e os autores deste crime estavam cientes de seu trajeto", conclui o comitê encarregado de investigar o caso.

Também segundo o comunicado, as testemunhas do assassinato já foram interrogadas.

REAÇÕES

Minutos após o anúncio do assassinato, o governo Putin condenou a ação e levantou a hipótese de que o crime tenha sido encomendado, sem, no entanto, dizer por quem. "É cedo para tirar conclusões sobre a morte, mas já se pode dizer com uma certeza de 100% que foi uma provocação", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O porta-voz do Kremlin qualificou neste sábado de "monstruoso" o assassinato do líder opositor liberal Boris Nemtsov e ressaltou a importância de identificar o mais rápido possível seus autores materiais e organizadores. "Foi um assassinato monstruoso e, como disse o presidente Putin tem todos os indícios de ter sido perpetrado por encomenda", disse Peskov em declarações ao canal de televisão Dozhd.

Ao mesmo tempo, Peskov assegurou que esta circunstância "não pode ser vista como o começo de uma série deste tipo de assassinatos [por encomenda]".

O presidente dos EUA, Barack Obama, que se encontrou com Nemtsov em 2009, pediu investigação rápida e imparcial. "O povo russo perdeu um dos mais dedicados e eloquentes defensores de seus direitos."

Para o mandatário ucraniano, Petro Poroshenko, a morte não foi por acaso. "Nemtsov era uma ponte entre Ucrânia e Rússia e essa ponte foi destruída."

A chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu ao presidente russo, Vladimir Putin, que garanta uma investigação independente e com consequências legais sobre o assassinato do líder opositor Boris Nemtsov.

O porta-voz do Executivo alemão, Steffen Seibert, explicou em comunicado que a chanceler se mostrou "consternada" pelo assassinato de Nemtsov. Merkel pediu a Putin que facilite "a investigação do assassinato e que os responsáveis compareçam perante a justiça", segundo Seibert.

A chefe do governo alemão destacou a "coragem" de quem foi vice-primeiro-ministro de dois gabinetes russos em 1997 e 1998, durante a presidência de Boris Yeltsin, por suas "críticas abertas" às políticas do atual Executivo em Moscou.

O presidente da França, François Hollande, condenou "o odioso assassinato", ocorrido na noite desta sexta-feira em Moscou, do opositor russo Boris Nemtsov, a quem qualificou de "valente defensor da democracia" em seu país.

"Boris Nemtsov era um defensor valente e incansável da democracia e um combatente contra a corrupção", assegurou Hollande em comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu.


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