Folha de S. Paulo


Britânico que aparece em decapitações do EI é identificado, diz imprensa

A rede de televisão britânica BBC e os jornais americanos "The Washington Post" e "The New York Times" informaram nesta quinta-feira (26) que foi identificado o homem que aparece nos vídeos de decapitação de reféns do Estado Islâmico.

Segundo integrantes da polícia britânica, o extremista, que é conhecido como "Jihadi John" (João Jihadista, em inglês), se chama Mohammed Emwazi, 27, kuaitiano com cidadania britânica que morava no Queen's Park, região oeste de Londres.

As autoridades afirmam que ele era de uma família de classe média londrina e é formado em programação de computadores na Universidade de Westminster em 2009. A partir daí, começou a se radicalizar até que viajou à Síria em 2012.

Os agentes acreditam que, durante o período de radicalização, o homem se aproximou de um britânico que viajou à Somália em 2006 e era um intermediário do grupo radical Al Shabaab, vinculado à Al Qaeda, para recrutamento e financiamento.

Oficialmente, a polícia não confirmará neste momento o nome do extremista. "Não vamos confirmar a identidade de ninguém nem dar detalhes sobre a investigação", disse Richard Walton, comandante da divisão antiterrorismo da Polícia Metropolitana de Londres.

O extremista identificado como "Jihadi John" apareceu pela primeira vez em agosto, no vídeo em que ameaçou decapitar o jornalista americano James Foley, que foi morto pelo extremista dias depois.

Ele ainda é o mensageiro da milícia radical nas gravações das decapitações de outros dois americanos –o jornalista Steven Sotloff e o trabalhador assistencial e o trabalhador humanitário Peter Kassig, dos britânicos David Haines e Alan Henning e dos japoneses Haruna Yukawa e Kenji Goto.

Em agosto, o jornal britânico "Sunday Times" chegou a afirmar que o extremista era o rapper britânico Abdel-Majed Abdel Bary, 23, também da região oeste de Londres, mas a informação não chegou a ser confirmada pelas autoridades britânicas.

RADICALIZAÇÃO

Com base em entrevistas de amigos, o jornal "Washington Post" diz que o processo de radicalização de Enwazi começou em 2009, em uma viagem para um safári na Tanzânia logo após ter se formado na Universidade de Westminster.

Eles e outros dois amigos convertidos ao islã foram presos ao chegar a Dar-es-Salaam e extraditados para a Europa. O radical teria seguido para Amsterdã, onde foi acusado por um agente britânico de envolvimento com o Al Shabaab.

Na época, ele negou as acusações e, por falta de provas, conseguiu voltar ao Reino Unido. Em seguida, procurou ajuda na ONG CAGE, que dá apoio a vítimas da guerra ao terrorismo, segundo seu diretor de pesquisa, Asim Qureshi.

"Ele ficou bastante irritado com o tratamento que teve [dos agentes britânicos em sua detenção em Amsterdã], que considerou injusto".

Meses depois, ele tentou se mudar para o Kuait, onde trabalharia como funcionário de uma empresa de informática. Em 2010, ele voltou a ser preso pelas autoridades britânicas em Londres quando tentava voltar ao país do golfo Pérsico.

Com isso, acabou perdendo o trabalho e o casamento que faria com uma kuaitiana. Amigos dizem que a perseguição que sofria na capital britânica o fez tentar de todos modos sair do Reino Unido.

Em 2012, Enwazi conseguiu chegar à Síria, embora não se saiba de que modo ele fez isso. Lá, ele se uniu a milícias radicais que vieram dar origem ao Estado Islâmico na província de Idlib e se tornou carcereiro de reféns ocidentais.


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