Folha de S. Paulo


Exército ucraniano deixa Debaltseve; 22 soldados morrem

Após três dias de confrontos, o Exército ucraniano começou a abandonar nesta quarta (18) a cidade de Debaltseve, tomada pelos separatistas pró-russos.

Segundo a agência de notícias russa Interfax, que citou como fonte o comando das Forças Armadas da Ucrânia, 22 soldados ucranianos morreram e cerca de 150 ficaram feridos nos últimos dias em choques com os rebeldes na cidade.

A retirada de 80% das tropas foi confirmada em pronunciamento do presidente Petro Poroshenko, que no entanto disse que a cidade estava sob controle do governo.

O presidente deu seu pronunciamento no aeroporto de Kiev, quando se preparava para ir ao leste da Ucrânia cumprimentar pessoalmente os soldados retirantes.

Em muitos casos a pé, segundo repórteres presentes na região, os soldados da 168ª Brigada das Forças Armadas ucranianas e os combatentes do batalhão de voluntários "Krivbas" abandonaram a cidade depois de conseguir escapar das milícias rebeldes, segundo a TV ucraniana.

"Debaltseve estava sob nosso controle, nunca esteve sob cerco. Nossos soldados saíram de maneira organizada e planejada", disse Poroshenko à TV, acrescentando que os homens levavam armas e munições consigo.

Os rebeldes, por sua vez, dizem que cerca de mil soldados entregaram suas armas e saíram da cidade por um corredor aberto pelas milícias. "Há combates com os que continuam a resistir", disse Vladislav Brig, porta-voz dos separatistas. Outros três mil ucranianos teriam morrido, segundo Eduard Basurin, subcomandante militar separatista.

França e Alemanha, os dois países que mediaram a negociação do cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, lamentaram os desenvolvimentos. Para a Alemanha, a tomada de Debaltseve é "nefasta" para a paz na Ucrânia. Já a França, mais otimista, promete fazer de tudo para reviver o cessar-fogo.

Debaltseve, um entroncamento ferroviário a meio caminho entre os pólos separatistas de Lugansk e Donetsk, fica justamente na intersecção das faixas que deverão ser desarmadas pelos dois lados em conflito, de acordo com os termos do cessar-fogo assinado na última quinta-feira (12) e em vigor desde domingo (15).

Desde o início da trégua, os confrontos se concentraram sobre a região de Debaltseve. Na terça (17), os separatistas declararam ter tomado 80% da cidade e o governo reconheceu que um número não mencionado de soldados havia sido feito prisioneiro pelos rebeldes.

Arte2/Editoria de Arte/Folhapress

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