Folha de S. Paulo


Novo ataque na Dinamarca deixa um morto e dois feridos; polícia mata suspeito

A polícia da Dinamarca matou a tiros na madrugada deste domingo um homem considerado suspeito de dois ataques neste fim de semana em Copenhague, que deixaram ao menos dois mortos e outros cinco feridos.

"Nossa hipótese é que se trata do autor dos dois atentados em Copenhague", disse em entrevista a jornalistas o inspetor Joergen Skov.

Segundo Skov, ainda não há evidências de que o suspeito tinha cúmplices. Ele afirmou também que a presença "maciça" de agentes no centro da capital dinamarquesa será mantida.

Segundo a hipótese policial, elaborada principalmente através de gravações de vídeo, o indivíduo abriu fogo contra um centro cultural onde acontecia um debate sobre blasfêmia e liberdade de expressão, um incidente em que uma pessoa morreu e três agentes ficaram feridos.

Editoria de arte/Folhapress
Onde fica a Dinamarca

Dali, esse mesmo indivíduo tomou um táxi para um endereço no bairro de Noerrebro, onde um civil morreu em um ataque nos arredores de uma sinagoga.

O indivíduo - descrito como um jovem de entre 25 e 30 anos de "traços árabes" - permaneceu cerca de 20 minutos nesse local, que foi descoberto graças à ajuda do taxista e do qual se dirigiu para o centro da capital, onde de madrugada matou um jovem judeu em frente a uma sinagoga e feriu dois agentes.

"Há várias coisas que indicam que foi isso que ocorreu, e nada aponta para outros envolvidos, mas isso é algo que vamos investigar com mais detalhe", disse Skov em um breve pronunciamento da polícia. As autoridades não ofereceram mais dados sobre a identidade ou os motivos do suspeito.

O primeiro ataque aconteceu por volta das 15h30 (12h30 de Brasília) de sábado em um centro cultural onde acontecia um debate sobre liberdade de expressão, com a presença do cartunista sueco Lars Vilks, que vive sob proteção policial desde que foi ameaçado por grupos islâmicos após ter retratado o profeta Maomé como um cachorro em uma charge em 2007.

Uma pessoa de 55 anos morreu e três agentes ficaram levemente feridos em um incidente que foi qualificado como um atentado terrorista pelas autoridades, que, no entanto, não confirmaram se Vilks era o alvo.

Já no ataque ocorrido de madrugada nos arredores da sinagoga de Copenhague, um jovem judeu, que fazia a segurança do templo enquanto acontecia um bar mitzváh em seu interior, morreu com um disparo na cabeça, segundo declarou ao canal "TV2 News" Dan Rosenberg Asmussen, porta-voz da Comunidade Judaica na Dinamarca.

O indivíduo não conseguiu entrar no interior do edifício, mas acabou ferindo dois policiais, que se encontram fora de perigo.

"Não me atrevo a imaginar o que poderia ter ocorrido se ele tivesse entrado na comunidade", disse Asmussen, que se mostrou "comovido" com o ataque e traçou um paralelo entre os incidentes de hoje e os atentados do início do ano em Paris.

A polícia dinamarquesa abateu a tiros, por volta das 5h locais (2h de Brasília) de hoje o suposto autor dos atentados em um tiroteio no qual nenhum agente ficou ferido e depois que a estação central de trem e metrô o centro da cidade permaneceram isolados pelas forças de segurança durante horas.

AFP
Vitrine do café em Copenhague, na Dinamarca, atingido por tiros neste sábado; ataque matou pelo menos uma pessoa e feriu três
Vitrine do café em Copenhague atingido por tiros neste sábado; ataque matou pelo menos uma pessoa

'CHARLIE HEBDO'

Os ataques na Dinamarca ocorrem pouco mais de um mês após o atentado à redação do jornal satírico "Charlie Hebdo", em Paris, que deixou 12 mortos no dia 7 de janeiro.

Os irmãos responsáveis pelo ataque, Chérif e Said Kouachi, foram mortos dois dias depois, após serem cercados pela polícia numa gráfica de Dammartin-en-Goële, perto da capital francesa.

Também em 9 de janeiro, Amedy Coulibaly, ligado aos irmãos Kouachi, foi morto depois de fazer reféns em um mercado judaico de Paris. Segundo a polícia, ele assassinou quatro dos reféns.

Lars Vilks é um dos nomes citados em uma lista de "procurados, vivos ou mortos, por crimes contra o islã", divulgada por uma revista ligada à rede terrorista Al Qaeda em 2013. Essa lista voltou a circular pela internet depois do ataque ao "Charlie Hebdo".


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