Folha de S. Paulo


Japão acredita que vídeo de execução de jornalista pelo EI seja autêntico

Youtube/Reprodução
Nas imagens, um homem que se diz militante do Estado Islâmico mata um refém que seria Kenji Goto
Nas imagens, um homem que se diz militante do Estado Islâmico mata um refém que seria Kenji Goto

O governo do Japão considerou "muito provável" que o vídeo publicado na internet pelo Estado Islâmico (EI) mostrando o corpo decapitado do jornalista japonês Kenji Goto seja autêntico, disse neste domingo (1º) o ministro porta-voz, Yoshihide Suga.

Ao ser perguntado em entrevista coletiva se o Executivo considera que o corpo decapitado que aparece nas imagens é o de Goto, Suga declarou que, "levando em conta a análise realizada pela equipe científica da Agência Nacional de Polícia, é muito provável que seja autêntico".

Suga insistiu também em que o Executivo não teve contato direto com o EI, que exigia a libertação da extremista iraquiana Sajida al Rishawi, condenada à morte na Jordânia, em troca de entregar Goto, detido desde outubro, e o piloto jordaniano Moaz Kasasbeh, em poder do EI na Síria desde dezembro.

DECAPITAÇÃO

Um vídeo divulgado neste sábado (31) em sites ligados a grupos radicais islâmicos mostra um militante do Estado Islâmico matando o jornalista japonês, que era mantido refém pela milícia há três meses na Síria.

Na gravação, publicada sob o título "Uma mensagem ao governo do Japão", um homem vestido de preto e encapuzado aparece com o refém japonês, que traja um macacão laranja, similar à roupa usada pelos presos da base americana de Guantánamo.

Com sotaque britânico, o militante afirma que mata o refém japonês devido à contribuição de US$ 200 milhões feita pelo governo do primeiro-ministro Shinzo Abe para os combatentes contrários o EI na Síria e no Iraque.

"Abe, devido à decisão imprudente de participar desta guerra que vocês não vencerão, este homem não só abaterá Kenji, mas também provocará uma carnificina onde seu povo estiver. Então, que comece o pesadelo para o Japão", disse o militante.

Na cena seguinte, o corpo de Goto aparece com a cabeça cortada, seguindo o mesmo roteiro de outros vídeos feitos pelo Estado Islâmico.

O primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, disse que o Japão não se renderá ao terrorismo. "Estou extremamente furioso por estes atos odiosos e desprezíveis. Nunca perdoaremos os terroristas".

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou a ação de "assassinato hediondo" e mandou as condolências à família de Goto. Além de Obama, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o governo francês condenaram a nova decapitação do Estado Islâmico.

CAPTURA

Experiente correspondente de guerra, Kenji Goto foi capturado em outubro pelo Estado Islâmico, depois que viajou à Síria para tentar libertar o empresário Haruna Yukawa, 42, que havia sido sequestrado em setembro.

No dia 20, o EI pediu US$ 200 milhões de recompensa ao Japão para liberar os dois, com um ultimato de três dias. Diante da negativa do governo japonês, Yukawa teve a cabeça cortada pelos pelos militantes do Estado Islâmico.

A notícia da decapitação veio em vídeo divulgado no dia 24. Nele, os militantes fizeram uma nova exigência para libertar o jornalista: que o Japão negociasse com a Jordânia a soltura da iraquana Sajida al-Rishawi.
Rishawi foi condenada à morte pela Justiça jordaniana por tentar atacar um hotel em Amã em 2005, a mando da filial iraquiana da rede terrorista Al Qaeda, berço dos principais dirigentes do EI.

Após o novo pedido, as autoridades do Japão e da Jordânia se reuniram para tentar resolver a crise. O país árabe propõe trocar Rishawi pelo piloto Muath al-Kaseasbeh, capturado em dezembro, desde que houvesse provas de que o refém estava vivo.

O Estado Islâmico faz uma contra-proposta, dizendo que libertaria Kenji Goto e manteria vivo o jordaniano em troca da presa, dando quatro dias de prazo para a libertação da iraquiana. Diante da falta de resposta da Jordânia, Goto foi decapitado.


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