Folha de S. Paulo


Ministro quer excluir de universidades chinesas livros com 'valores ocidentais'

O ministro da Educação da China, Yuan Guiren, quer banir das universidades do país livros que promovam "valores ocidentais". É mais um sinal do endurecimento ideológico do governo desde a chegada ao poder do líder chinês, Xi Jinping, há dois anos.

Nesse período, mais professores universitários foram punidos após se expressarem de forma crítica em relação ao regime. As universidades na China são subordinadas ao Partido Comunista, e o espaço para pensamento independente e desvios da política oficial é limitado.

"Nunca permitam livros que promovam valores ocidentais em nossas salas de aula", disse o ministro num simpósio de educação, segundo relato da agência de notícias oficial, Xinhua.

Em suas diretrizes internas, o Partido Comunista costuma citar o sistema multipartidário e a separação entre Poderes entre os "valores ocidentais" indesejados.

Yuan Guiren ressaltou que a ordem é manter qualquer crítica ao governo fora das universidades.

"Comentários que difamam a liderança do Partido Comunista" e "insultam o socialismo" devem ser banidos, disse ele.

No exemplo mais recente de retaliação, em dezembro, o professor de direito Zhang Xuehong foi demitido de uma universidade em Xangai depois de se negar a pedir desculpas por um artigo que escreveu com críticas ao governo.

Antes disso, professores críticos foram parar na cadeia.

No ano passado, Xi Jinping defendeu o aumento da supervisão ideológica nas universidades.

Algumas instituições anunciaram a instalação de câmeras nas salas de aula para manter os professores sob controle.

Embora as universidades chinesas tenham subido de nível nos últimos anos, os filhos de muitos dirigentes preferem estudar no exterior. A filha de Xi estuda em Harvard, uma das mais prestigiados universidades dos EUA.

Em seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos, divulgado há poucos dias, a organização Human Rights Watch afirma que em 2014 a repressão política na China chegou a seu "ponto alto".

"A China sob Xi Jinping está escalando a hostilidade aos direitos humanos e às pressões democráticas, em casa e no exterior, enquanto a comunidade internacional permanece em silêncio", disse Sophie Richardson, diretora da HRW para a China.


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