A oposição síria anunciou nesta quarta-feira (28) o início das negociações com o regime de Damasco e negou que entre as condições impostas para o diálogo esteja a renúncia do ditador Bashar al-Assad.
"Acho que o processo começou. A princípio será difícil e devagar, mas já estamos avançando. Com o tempo iremos mais rápido e cada vez serão vistos mais resultados", disse à imprensa Qadri Jamil, um dos líderes opositores sírios e ex-vice-primeiro-ministro.
O opositor destacou que as conversas, que classificou como "informais", são apenas um primeiro passo.
| Vasily Maximov/AFP | ||
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| Bashar Jafari (C), representante do regime Sírio para a ONU, negocia com oposição em Moscou |
Ele explicou que a oposição aprovou um plano de dez pontos, adotado "quase por unanimidade" pelos opositores, para futuras negociações com Damasco, mas que não inclui como condição que Assad deixe o poder.
"Ninguém colocou a questão do futuro de Assad. Esse assunto deve ser tratado em Genebra. Aqui temos um encontro informal e de ofício", disse.
Entre outras coisas, o plano se refere à cessação dos bombardeios das zonas povoadas tanto por parte das forças governamentais como dos insurgentes, à troca de prisioneiros e à chegada de produtos e ajuda humanitária a todo o território sírio.
Além disso, também foi combinada a criação de uma comissão para investigar as violações dos direitos humanos e se defende a suspensão das sanções internacionais contra a Síria.
As conversas de Moscou, nas quais Damasco está representada pelo embaixador sírio para a ONU, Bashar Jaafari, focam na situação humanitária no país árabe imerso em fortes combates entre as tropas governamentais e os insurgentes.
Nesta semana, Assad recusou se mostrar otimista ou pessimista sobre o diálogo, mas disse ter esperança de que a reuniãop possa abrir caminhos para uma conferência sobre o tema
"O que está ocorrendo em Moscou não são negociações para uma solução, mas preparativos para uma conferência", disse.
Na semana passada, o chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que as conversas são um passo para a criação das condições necessárias para iniciar negociações de paz com o amparo da ONU.
As discussões na capital russa são as primeiras realizadas desde o fracasso da segunda rodada das conversas de Genebra sobre o assunto, em fevereiro do ano passado.
Segundo a ONU, o conflito sírio já provocou mais de 200 mil mortes desde 2011.