Folha de S. Paulo


Iêmen vive dia de conflitos intensos entre milícia xiita e governo

O Iêmen vive nesta segunda-feira (19) um dia de intensos conflitos entre a milícia xiita houthi e o governo.

Entretanto, após os confrontos, as partes chegaram a um cessar-fogo –que já está em vigor– perto das 10h30 de Brasília.

O pacto foi firmado numa reunião que envolveu o presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, os ministros do Interor, da Defesa, e um representante das milícias.

Primeiro, rebeldes tomaram a agência de notícias e a TV estatal do país, informou ministra da Informação, Nadia Sakkaf.

Ela chamou a atitude de "um passo em direção ao golpe".

"Este é um passo na direção de um golpe e tem como alvo a legitimidade do Estado", disse à agência Associated Press.

Além disso, um grupo armado atacou um comboio que levava o primeiro-ministro Khaled Bahah exatamente para a renuião que trataria do cessar-fogo, afirmou à Agência Efe uma fonte de segurança.

A ministra Sakaf confirmou o ataque em sua conta no Twitter e garantiu que o primeiro-ministro saiu ileso.

Ela disse que o comboio em que viajavam os conselheiros houthis também foi alvo de intensos disparos ao término de seu encontro na residência do presidente.

Sakaf também alertou para uma possível manipulação das notícias divulgadas pela televisão e pela agência de notícias oficial, que estão sob o controle dos houthis.

Várias testemunhas informaram à Efe que os combatentes houthis também tomaram o controle da colina estratégica de Al Nahdain, situada no sul de Sanaa, em frente ao palácio presidencial.

O movimento xiita controla desde setembro a capital iemenita e sua província, assim como outras seis regiões do país.

Com o aumento da instabilidade, o presidente iemenita ordenou ontem que o Exército iemenita proteja Sanaa.

A decisão foi tomada depois que os houthis sequestraram o diretor do gabinete do presidente, Ahmed Awad Mubarak, no sábado.

A expansão militar dos rebeldes xiitas forçou em setembro a formação de um novo governo no Iêmen e a assinatura de vários acordos com a presidência para colocar um fim ao conflito.

Mas os houthis, que já pegaram em armas contra as autoridades em várias ocasiões entre 2004 e 2010, não respeitaram o ponto que exige a retirada de seus milicianos das cidades.

A milícia reivindica uma maior participação no poder, um compromisso contra a corrupção, a aplicação dos acordos de setembro e o término do atual processo para aprovar uma nova Constituição, cuja minuta estabelece seis regiões no país –em vez das duas que eles exigem.


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