Folha de S. Paulo


'Às vezes somos machistas demais', diz papa Francisco

Uma missa do papa Francisco em Manila, capital das Filipinas, reuniu neste domingo (18) cerca de seis milhões de pessoas em um parque e nas ruas ao redor, de acordo com estimativa das autoridades locais.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que esse público representa um novo recorde para um evento com a presença de um papa. A marca anterior era de cinco milhões de pessoas em uma missa de João Paulo 2º no mesmo parque Rizal, em Manila, em 1995, na última ocasião em que um pontífice esteve no país asiático.

Com 75 milhões de fiéis (81% da população), as Filipinas são o terceiro maior país católico do mundo, atrás apenas do Brasil e México.

Sob chuva constante, Francisco chegou ao parque Rizal de papamóvel e com uma capa de chuva amarela, do mesmo tipo que usou no sábado (17) para visitar Tacloban, cidade arrasada pelo tufão Haiyan em novembro de 2013.

O papa falou sobre a importância da Ásia para o futuro da igreja, por ser uma das poucas regiões em que o número de católicos cresce. "Precisamos ver cada criança aqui como uma dádiva a ser protegida", afirmou.
A missa foi o último evento da viagem de uma semana pela Ásia, que incluiu uma visita ao Sri Lanka.

MACHISTAS DEMAIS
Antes da missa, Francisco participou de um encontro com jovens na Universidade São Tomás de Manila e disse que, "às vezes, somos machistas demais".

"Não damos espaço às mulheres, mas elas são capazes de ver as coisas por um ângulo diferente do nosso, com um olhar diferente. As mulheres são capazes de fazer perguntas que nós, os homens, não conseguimos entender", afirmou, em meio a aplausos.

Francisco ouviu uma pergunta embaraçosa feita por um garota que fora abandonada. "Muitas crianças acabam se envolvendo com drogas e prostituição. Como Deus pode permitir uma coisas dessas?", questionou Glyzelle Palomar, 12.

O pontífice abraçou a garota para confortá-la e respondeu, visivelmente emocionado: "Ela foi a única aqui a levantar uma questão para a qual não existe resposta."


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