Folha de S. Paulo


França detém humorista por apologia ao terrorismo

As autoridades francesas anunciaram nesta quarta (14) a detenção do humorista Dieudonné M'Bala M'Bala e de mais 53 pessoas após o governo francês ter ordenado que os promotores de todo o país agissem contra o terrorismo, o discurso de ódio e o antissemitismo.

Apesar de a ordem ter sido dada após os ataques que deixaram 17 mortos em Paris, não há presos diretamente relacionados aos atentados.

Depois de ter sido detido para prestar depoimentos por um comentário relacionado ao ato terrorista contra o jornal satírico "Charlie Hebdo", no dia 7, Dieudonné foi solto.

O humorista será julgado no próximo mês por apologia ao terrorismo, disse uma autoridade judicial sob condição de anonimato.

Conhecido por se envolver em polêmicas, o humorista fez uma brincadeira com o lema da campanha contra o atentado, "Je Suis Charlie" (Eu Sou Charlie, em francês), dizendo que era "Charlie Coulibaly".

Ele se referia a Amedy Coulibaly, que atacou um mercado kosher de Paris, matando quatro reféns judeus na sexta (9). O autor, que se dizia vinculado ao Estado Islâmico (EI), foi morto pela polícia.

Em 2010, o humorista foi condenado por antissemitismo após ter pedido em vídeo a libertação de Youssof Fofana, condenado pela morte de Ilan Halimi, um jovem judeu sequestrado e torturado em 2006.

Desde 2013, diversos espetáculos seus são proibidos. A última polêmica em que se envolveu foi em setembro, quando ironizou a decapitação do jornalista americano James Foley por membros do EI.

Ele comparou a morte de Foley às dos ditadores líbio, Muammar Gaddafi, e iraquiano, Saddam Hussein, motivo pelo qual foi investigado pela Justiça francesa por apologia ao terrorismo.

Assim como outros países europeus, a França tem leis rígidas contra o discurso de ódio e o antissemitismo por conta do Holocausto.


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