Folha de S. Paulo


Atentado mata 12 em jornal de Paris; Hollande chama ato de terrorista

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Atiradores atacaram a sede do jornal satírico francês "Charlie Hebdo, deixando 12 mortos nesta quarta-feira (7) em Paris, antes de escapar em um carro.

O ataque foi o mais mortífero na França desde 1961.

Entre os mortos está o diretor da publicação, o cartunista Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb.

Gritando "Allahu akbar!" (Deus é maior) enquanto disparavam, os homens falavam um francês impecável e sem sotaque e usavam uma roupa em estilo militar, disseram testemunhas.

Fontes policiais disseram ter identificado os suspeitos como os irmãos franceses de origem argelina Said Kouachi,34, e Cherif Kouachi, 32, e Hamyd Mourad, um jovem de 18 anos cuja nacionalidade não foi revelada.

O jornal já sofreu outros ataques por publicar caricaturas de líderes muçulmanos e do profeta Maomé. Em 2011, a redação, que fica perto do monumento da Bastilha, foi alvo de um incêndio criminoso após ter publicado uma série de caricaturas sobre Maomé.

O último tuíte da publicação é um cartum satirizando o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi.

O presidente da França, François Hollande, foi ao local e disse que não há dúvida de que o ataque foi terrorista.

"A França é ameaçada porque, assim como outros países, nós somos um país de liberdade", disse Hollande em frente à sede do "Charlie Hebdo". Em pronunciamento posterior, o líder francês pediu a "união" do país como reação ao atentado.

O ministro do interior, Bernard Cazeneuve, informou que o governo elevou ao nível máximo o alerta de segurança após o atentado. O anúncio foi feito após uma reunião interministerial de crise comandada por Hollande.

Editoria de arte/Folhapress
MAPA OF atentado em paris no charlie hebdo V2

Segundo Cazeneuve, os três responsáveis pelo atentado ainda estão foragidos. "Todos os meios do Ministério do Interior (responsável pela polícia) e da Justiça estão mobilizados para prender os responsáveis por essa barbáries e puni-los com a severidade necessária", afirmou o ministro.

Ele também afirmou que em todos os departamentos franceses a segurança foi reforçada em estações de trem, templos religiosos, prédios públicos e redações de jornais. Além da polícia, o Exército também mobilizou homens para reforçar a segurança na capital francesa.

O ataque

De acordo com fontes de segurança, ao menos dois homens atacaram a sede da publicação portando metralhadoras AK-47, trocaram tiros com policiais e depois fugiram em um carro dirigido por um outro elemento do grupo.

Eles foram até a região da estação de Porte de Pantin, no nordeste da cidade, onde abandonaram o veículo e sequestraram um outro, expulsando o motorista na rua.

Rocco Contento, porta-voz de um sindicato de policiais, afirmou que houve aumento das medidas de segurança à sede do jornal por causa de ameaças recentes e que os homens entraram no local com a intenção de matar.

Segundo um jornalista do "Charlie Hebdo", citado pelo jornal francês "Le Monde", os atiradores chegaram ao local na hora da reunião da redação. "Os agressores sabiam que às 10h de quarta-feira havia uma reunião editorial semanal. No resto da semana não há muitas pessoas no local", afirmou.

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A França já estava em estado elevado de segurança após militantes islâmicos terem incitado ataques contra cidadãos e alvos franceses em resposta aos ataques militares da França contra redutos de islamitas na África e no Oriente Médio.

No ano passado, um homem gritando "Allahu Akbar" deixou 13 feridos ao lançar um veículo sobre uma multidão na cidade de Dijon. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse à época que a França "nunca antes enfrentou uma ameaça tão forte ligada ao terrorismo".


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