Folha de S. Paulo


Grupo de 50 alemães influentes repudia organização anti-islâmica

O tabloide Bild, o mais vendido da Alemanha, engajou-se numa campanha contra a organização Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida, na sigla em alemão), responsável pela organização de protestos contra a presença de islâmicos na Alemanha, publicando citações de 50 alemães influentes –entre políticos e celebridades– contra a organização.

A capa da publicação foi coberta de citações, assim como a segunda e a terceira página do jornal.

Entre os que falam contra os nacionalistas da Pegida, estão o ex-chanceler Helmut Schmidt, que alega que a organização "apela a um preconceito raso, à xenofobia e à intolerância", acrescentando que "uma olhada no passado alemão e senso econômico nos dizem que a Alemanha não deve tratar refugiados e solicitantes de asilo com desprezo".

Outros alemães que se manifestaram contra a organização foram o Ministro das Finanças, Wolfgang Berner, os astros da música Udo Lindenberg e Heino e o antigo capitão da seleção alemã de futebol Oliver Bierhoff.

A chanceler Angela Merkel já havia declarado que o coração dos manifestantes anti-islâmicos está "cheio de ódio" e que a hostilidade para com os imigrantes "não tem lugar na Alemanha".

PROTESTOS E REAÇÃO

Em 22 de dezembro, a organização Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida, na sigla em inglês) levou 17 mil pessoas às ruas de Dresden, no leste do país, causando revolta na sociedade alemã.

Nesta segunda, grupos antifascistas, partidos de esquerda e aliados do governo fizeram atos em nove cidades alemãs para tentar ofuscar outra rodada de protestos.

Ainda assim, cerca de 18 mil pessoas foram ao ato do Pegida em Dresden, onde outras 5.000 protestaram contra a manifestação.

Fabrizio Bensch/Reuters
Partidários da Pegida protestam contra imigração e islã na Alemanha em Dresden
Partidários da Pegida protestam contra imigração e islã na Alemanha em Dresden

A mobilização contra o grupo anti-islâmico, porém, foi maior no resto do país. Em Berlim, onde 5.000 participaram do ato, militantes de esquerda impediram a chegada de cem manifestantes ao Portão de Brandemburgo.
O principal monumento da capital alemã teve as luzes apagadas em sinal de repúdio ao protesto. O mesmo aconteceu com a estação de trem e a catedral de Colônia, onde o cardeal Rainer Woelki se engajou na campanha.

Em Colônia, cidade com muitos imigrantes, havia dez vezes mais manifestantes contra a Pegida que a favor.

Editoria de Arte/Folhapress
REAÇÃO CONTRA ANTI-ISLÂMICOS Antifascistas e aliados do governo convocam atos contra nacionalistas alemães

Embora não abertamente favorável a impedir a imigração, o Pegida atraiu xenófobos e neonazistas.

O número de solicitantes de asilo na Alemanha -a maioria oriunda do Oriente Médio-chegou a 200 mil no ano passado, quatro vezes mais que em 2012.


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