Folha de S. Paulo


Oposição republicana promete rebater decretos de Obama

No primeiro pronunciamento do Partido Republicano em 2015, o deputado de Illinois Rodney Davis deu o tom do que deve ser a estratégia da oposição ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, agora que controla o Congresso.

Em vídeo divulgado no sábado (3), Davis criticou o Obamacare –a reforma de saúde rejeitada pelos republicanos– e a falta de ação dos colegas democratas, enquanto tentava passar a imagem de um partido que pretende recuperar a união entre o Legislativo e o Executivo nos próximos dois anos.

O novo Congresso americano assume nesta terça-feira (6) com maioria republicana na Câmara dos Deputados e no Senado pela primeira vez em oito anos. Na Câmara, o partido de oposição a Barack Obama terá a mais ampla maioria em 75 anos.

Mas o controle não garante uma tarefa fácil. O novo Congresso precisa se livrar do título carregado pela legislatura anterior, a segunda mais improdutiva da história moderna dos Estados Unidos.

Editoria de arte/Folhapress
DERROTA PARA OBAMARepublicanos controlarão todo o Congresso pela primeira vez em oito anos

Além disso, Obama já avisou que pretende usar seu poder de veto contra leis aprovadas pelos congressistas sem apoio da população –ou dele mesmo.

Em geral, as negociações são vistas com ceticismo pelos norte-americanos. De acordo o Pew Research Center, apenas 44% da população espera que Obama colabore com os republicanos no período. Uma fatia ainda menor (28%) acredita que os congressistas opositores cooperarão com o presidente.

Do lado republicano, há o desejo de fazer Obama pagar pelo uso de ordens executivas (decretos-lei) em questões caras ao partido, como a reforma imigratória, no fim de 2014. Para o presidente, a ideia parece ser não ficar relegado ao segundo plano na reta final de seu mandato.

Tudo isso ainda será pontuado por um clima constante de campanha com a aproximação das eleições presidenciais no ano que vem.

AGENDA

Os congressistas republicanos já sinalizaram o que estará na agenda nas próximas semanas: energia, imigração e Obamacare.

De acordo com o deputado Rodney Davis, a prioridade na Câmara será a criação de empregos. Os projetos citados por ele, porém, têm relação direta com a reforma de saúde da Casa Branca: com foco no mercado de trabalho, os dois fariam pequenas mudanças no Obamacare.

Em seguida, virá a imigração. Ao aprovar a Lei Orçamentária para 2015, em dezembro, os republicanos conseguiram deixar de fora os recursos para o Departamento de Segurança Nacional –que terminam em fevereiro.

A ideia era ganhar tempo para desenhar uma resposta à decisão de Obama de agir por meio de ordens executivas para mudar as leis imigratórias americanas.

"Os republicanos ficaram realmente irritados com as ordens executivas, porque acharam que poderiam trabalhar com o presidente sobre o assunto. E agora não há nenhum desejo de fazê-lo", disse à Folha uma pessoa próxima às lideranças do partido de oposição a Obama, que não quis se identificar.

A avaliação dos republicanos, no entanto, é que o assunto precisa estar em pauta nos próximos dois anos para garantir as chances de que um republicano seja eleito presidente em 2016.

No Senado, o líder da maioria, Mitch McConnell (Kentucky) anunciou que a prioridade inicial na Casa será aprovar a construção do polêmico oleoduto Keystone-XL, que ligará o Canadá ao Estado do Texas. Parte do Partido Democrata, porém, se opõe ao projeto por questões ambientais.


Endereço da página: