Folha de S. Paulo


Fiéis negam que brasileiro tenha se tornado radical em mesquita

São quase 19h30 em Terrassa, perto de Barcelona. Horário da reza de al-achá, a última do dia. Os fiéis atrasados vêm correndo, largam o sapato na entrada da mesquita Badr e se ajoelham.

O ritual, acompanhado pela *Folha,* foi por algum tempo repetido pelo brasileiro Kaíke Ribeiro, 18, conhecido ali pelo nome árabe que escolheu: Hakim. Sua prisão na Bulgária na semana passada, a caminho da Síria para unir-se ao Estado Islâmico, trouxe questões sobre onde teria se radicalizado.

Frequentadores da mesquita negam que tenha sido ali. Mas o local ficou marcado dois anos atrás, quando o líder religioso foi acusado de incitar a violência contra as mulheres. Ele foi substituído no culto desde então.

"A acusação não foi feita porque ele ameaçava mulheres. Era um acerto de contas dentro da liderança da mesquita", diz à Folha um repórter de um veículo de Terrassa.

Segundo ele, a mesquita tem boas relações com as autoridades locais. A instituição teria sido fundada como parte de uma rede apoiada pelo cônsul marroquino na Espanha –grande parte de seus seguidores vêm desse país.

O jornalista local descarta que o brasileiro tenha sido convertido numa mesquita específica: "Hoje as pessoas se convertem na internet".

Não está claro como Hakim se vinculou ao Estado Islâmico. Moradores de Terrassa dizem que ele era sempre visto com um amigo marroquino, também detido na Bulgária.

A extradição do brasileiro para a Espanha deve ocorrer nos próximos dias.


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