Dois médicos foram condenados por terem trabalhado em uma maternidade clandestina dentro de um centro de detenção do Exército durante a última ditadura militar na Argentina, entre 1976 e 1983.
A obstetra Yolanda Arroche de Sala Carcía foi sentenciada a sete anos de prisão -a Justiça comprovou sua participação com uma assinatura dela em um certificado de nascimento falso, usado para dar identidade falsificada a um filho de uma militante presa.
O médico e militar Norberto Bianco recebeu uma pena de 13 anos. Ele gerenciava a maternidade que funcionava no centro de detenção de Campo de Maio.
Um outro médico foi absolvido no caso. Três não foram a julgamento -um faleceu e outros dois estão muito velhos para um processo, explicou o advogado Alan Iud, que representa as Avós da Praça de Maio.
Outros dois militares foram condenados no mesmo julgamento -o ex-general Santiago Omar Riveros e o último presidente do regime, Reynaldo Bignone, que já estava condenado à prisão perpétua.
Na ação, foram considerados oito casos de expropriação ilegal de bebês, mas, segundo a associação das avós, passaram pelo centro clandestino cerca de 30 mulheres grávidas.
Para o advogado que representou a associação, os médicos civis que atuaram na maternidade clandestina "tiveram oportunidade de sair sem correr risco de vida, apenas perdendo o trabalho", mas optaram por continuar no trabalho. "Ficou claro no julgamento que a obstetra atuava com plena liberdade", afirma.
O Campo de Maio é uma das maiores bases do exército argentino, sua área se divide em mais de um município.