Folha de S. Paulo


Ex-aliado de ditador vence eleição presidencial na Tunísia

O ex-primeiro-ministro Beji Caid Esebsi venceu as eleições presidenciais da Tunísia com 55,68% dos votos, ficando à frente do atual presidente Moncef Marzuki, anunciou nesta segunda-feira (22) a Comissão Eleitoral.

Esebsi obteve mais de 1,7 milhão de votos no segundo turno de domingo (21), contra mais de 1,3 milhão do seu adversário (44,32% dos votos), informou o presidente da comissão, Chafik Sarsar.

O ex-premiê e líder do principal partido da Tunísia já havia reivindicado a vitória no segundo turno da eleição realizado no domingo, um resultado contestado por seu adversário.

Mohamed Messara/Efe
Beji Caid Esebsi, líder do partido Nidá Tunísia, durante campanha em Túnis
Beji Caid Esebsi, líder do partido Nidá Tunísia, durante campanha em Túnis

Em pronunciamento na TV, Esebsi agradeceu aos tunisianos por participarem da votação histórica, quatro anos após a revolução que depôs o regime de Zine El Abidine Ben Ali.

A votação escolhe quem será o primeiro chefe de Estado eleito democraticamente desde a independência do país, em 1956.

"O futuro próximo e distante nos obriga a trabalharmos juntos pela Tunísia", afirmou, acenando para o adversário, o presidente Marzuki.

Markuzi, por sua vez, rejeitou imediatamente a declaração do opositor, considerando prematuro dizer quem havia vencido.

Quase 5,3 milhões de eleitores estavam registrados para votar e escolher entre Marzuki, 69, e Esebsi, 88, líder do partido laico Nidá Tunísia, vencedor das legislativas de outubro.

O Nidá Tunísia tem uma formação heterogênea que agrupa tanto políticos da esquerda e de centro-direita, como líderes do regime do deposto presidente Ben Ali.

Com a votação, os tunisianos esperam deixar para trás quatro anos de difícil transição, desde a queda, em janeiro de 2011, de Ben Ali, marco da chamada Primavera Árabe.

Habib Burguiba, o primeiro presidente do país, e Ben Ali sempre recorreram à fraude ou a um tipo de plebiscito para serem eleitos.

Marzuki foi designado para o cargo após um acordo político com os islamitas do partido Nahda.


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