Folha de S. Paulo


Papa diz que Cúria sofre de 'Alzheimer espiritual' e outras doenças

O papa Francisco criticou nesta segunda-feira (22) a Cúria, dizendo que algumas pessoas têm vidas duplas hipócritas, desejam o poder a qualquer custo e sofrem de "Alzheimer espiritual", ou seja, esquecem que deveriam ser homens de Deus.

O papa aproveitou o tradicional encontro para lembrar o Natal com os membros da Cúria romana, que administram o governo da Igreja, para advertir sobre os males que devem evitar.

Em seu discurso anual aos cardeais e bispos, o papa afirmou que, "como qualquer corpo humano", a Cúria sofre de "infidelidades ao Evangelho" e de "doenças que precisa aprender a curar".

O papa listou 15 doenças, usando expressões fortes como, além de "alzheimer espiritual", "terrorismo de fofocas", "esquizofrenia existencial", "exibicionismo mundano", "narcisismo falso" e "rivalidades e vanglória".

AFP
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"A cura é o fruto da tomada de consciência da doença", concluiu o papa, pedindo que os bispos e cardeais se permitam que o Espírito Santo inspire suas ações, invés de confiar apenas em suas capacidades intelectuais.

"A Cúria deve sempre melhorar e crescer na comunhão, santidade e conhecimento para cumprir a sua missão", disse.

MALES

"A doença da esquizofrenia existencial", está presente nos que vivem "uma vida dupla fruto da hipocrisia típica do medíocre" e afeta aqueles que "abandonaram o serviço pastoral só para fazer os assuntos burocráticos", explicou.

Francisco disse que a "fofoca pode acabar com a reputação de colegas a sangue frio". Além disso, citou "a doença da indiferença com os demais", pois o religioso "deve ser uma pessoa amável, serena, entusiasta e alegre".

Outro dos males é o da "rivalidade e a vanglória", que surge "quando a aparência e a cor dos vestidos e as insígnias de honra se transformam no objetivo primário da vida".

A doença de "acumular bens materiais" e a de pertencer "a círculos fechados" também foram citadas.


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