Quando o assunto é Cuba, Miami é uma cidade dividida. A comunidade cubana na Flórida, a maior nos Estados Unidos, não parece concordar nem quando o assunto são benefícios imigratórios de que usufruem atualmente os emigrantes da ilha caribenha.
Hoje, cidadãos cubanos que chegam aos Estados Unidos por terra ou mar são beneficiados pela Lei de Ajuste Cubano, de 1966, que permite que obtenham o "green card" (o documento de residência permanente no país) após um ano –isso porque são considerados pelos EUA refugiados políticos.
A política, conhecida como "pé seco, pé molhado", determina que cubanos flagrados no mar tentando fazer a travessia sejam enviados de volta à ilha caribenha. Quem conseguir pisar em terras americanas, no entanto, ganha o direito de ficar.
E, enquanto parte dos imigrantes teme mudanças na lei, uma outra parcela da comunidade espera que sejam feitas alterações.
"Não podem acabar com a lei, porque a situação em Cuba se mantém, não está melhor", disse Rosalia Rosales, 60. "Para mim, o acordo vai aumentar a repressão em Cuba, me preocupo com o que está acontecendo lá."
| Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress |
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Para Naia Nayades, 40, é hora de alterar os termos de imigração. "A lei foi feita para os exilados políticos, que estavam sofrendo repressão do regime. Hoje as coisas mudaram muito", afirmou.
"As pessoas já não têm mais motivos políticos para virem aos Estados Unidos, estão vindo por motivos econômicos. Ou seja, a lei já não tem mais a mesma função", completa ela.
Uma pesquisa publicada pelo jornal "Miami Herald" mostra que a discórdia sobre o acordo entre os dois países é generalizada entre os imigrantes cubanos nos EUA.
Entre as 400 pessoas ouvidas, 48% se opõem à normalização das relações entre Cuba e EUA, enquanto 44% são a favor da nova política.
Em relação ao fim do embargo econômico, 44% disseram concordar com a mudança e 40% são contra ela. Já 60% se opõem à possibilidade os EUA retirarem Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo.