Folha de S. Paulo


Lider judaico alemão rechaça manifestações anti-islâmicas

O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, condenou hoje os movimentos que "instrumentalizam" no país o medo do terrorismo islâmico para denegrir toda uma religião, em referência às manifestações convocadas nas segundas-feiras em Dresden, no leste do país, que atraem cada vez mais seguidores.

Em entrevista ao jornal "Die Welt", Schuster alerta que nas marchas organizadas pelo movimento Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente, se misturam neonazistas, ultra-direitistas e cidadãos que acreditam ser permitido mostrar publicamente seu racismo e sua xenofobia. Schuster disse considerar isso "inaceitável".

Em sua opinião, pensar que pela existência de alguns muçulmanos o Islã pode virar a religião oficial da Alemanha é "tão absurdo quanto crer que, por existirem ultra-direitistas, amanhã pode ser reconstruída a ditadura nazista."

O líder da comunidade judaica na Alemanha pede que se tome a sério essa questão e que não se subestime um movimento que, em sua opinião, é "extremamente perigoso".

Da mesma maneira se manifestou na sexta-feira (19) o presidente do conselho evangélico da Alemanha, Heinrich Bedford-Strohm, que convocou a "dizer 'não' de forma clara" a qualquer tipo de ataque contra uma religião concreta ou contra refugiados.

Por sua parte, o presidente da Conferência Episcopal alemã e cardial de Munique, Reinhard Marx, se limitou a assinalar que não existe nenhuma instrução pastoral que proíba os católicos de participar das marchas, e estimou que cada um deve refletir sobre que bandeiras agita, embora as manifestações, disse, não sejam a maneira de debater com seriedade os problemas dos refugiados.

Assim se manifestaram as diversas igrejas alemãs no debate que ocorre no país desde que o grupo levou mais de 15 mil pessoas às ruas na última segunda-feira (15). Uma nova manifestação está marcada para a próxima segunda (22).


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