Folha de S. Paulo


Nos EUA, apoio a embargo é maior entre cubanos mais velhos

Erik Otero, 31, chegou aos Estados Unidos com três anos de idade. Não era nascido quando Fidel Castro tomou o poder em Cuba, mas a revolução em seu país mudou a história de sua família.

"As pessoas que chegaram aqui depois dos anos 1990 não entendem o que aconteceu na revolução, elas não ligam para isso. Elas só ligam para o dinheiro", disse.

"Eu penso em famílias como a minha. Meu avô apoiou o regime e eles tiraram tudo que tínhamos. Quando ele se voltou contra eles, ficou preso por 20 anos."

A família de Otero é parte de uma geração que quis deixar Cuba nos anos posteriores à tomada de poder por Fidel e que, em Miami, apresenta resistência às negociações entre os países.

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Cubana mostra que a maioria dos cubanos que deixaram o país até 1994 é a favor do embargo. A tendência se inverte entre os que vieram para os EUA recentemente.

"Apoio o fim do embargo se Cuba fizer concessões, se as coisas mudarem lá. Ou fazemos direito, ou não vejo sentido", disse Otero.

A., que não quis se identificar para a Folha, serviu o Exército cubano e trabalhou ao lado dos Castro. Mas deixou o país há nove anos por uma proposta de emprego.

"Quase 90% das pessoas que deixaram Cuba nos últimos anos fizeram isso por motivos econômicos, não políticos, como nos anos 1960, 70", afirmou.

"Eu amo meu país e ainda acredito no socialismo. Mas chegou o momento em que precisei ganhar dinheiro para minha família."

Para ele, a abertura econômica será importante à população. "Precisamos dar chance aos cubanos, deixá-los trabalhar e crescer."


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