Folha de S. Paulo


Nova Déli proíbe todas as empresas online de táxi após caso de estupro

A capital da Índia decidiu banir todas as empresas de táxi pela internet depois que uma passageira relatou ter sido estuprada por um motorista contratado por meio da companhia americana de serviços de táxi Uber, disse um representante do governo nesta terça-feira (9).

Em comunicado publicado em um jornal local, o governo declarou que apenas seis companhias de táxi por rádio devidamente registradas teriam permissão para operar em Nova Déli.

"Nós proibimos o Uber. Outra nota pública será emitida amanhã para proibir todos os fornecedores de serviços de táxi não registrados. Está quase pronta", disse Kuldeep Singh Gangar, porta-voz do departamento de transporte de Déli.

O governo da Índia também pediu nesta terça-feira que os Estados garantam que os serviços de táxi não registrados interrompam suas atividades por enquanto, informou o ministro do Interior, Rajnath Singh.

O caso causou revolta na Índia após a informação de que o suspeito já havia sido acusado de estupro, mas havia obtido uma referência de caráter assinada por um policial, a qual aparentemente foi falsificada.

O episódio também revelou o fracasso na regulação do crescente mercado de serviços de táxi online na Índia. O departamento de transporte de Déli tem sido lento em responder e, de acordo com relatos, enviar seu comunicado de proibição ao Uber via fax.

O Uber foi banido na segunda-feira (8) em Nova Délhi após a polícia ter dito que a empresa fracassou em realizar checagens de antecedentes sobre o motorista, que foi preso há três anos em um caso semelhante –embora tenha sido absolvido.

O motorista preso, Shiv Kumar Yadav, apareceu em um tribunal na segunda e será mantido sob custódia por três dias. Yadav havia obtido uma referência da polícia de Déli, mas o porta-voz da corporação, Rajan Bhagat, disse à Reuters que o certificado "parecia ser falso".

Um representante do Uber disse que a companhia não havia sido oficialmente notificada de qualquer proibição em Nova Déli e que emitiria um comunicado ainda nesta terça-feira.

Ainda era possível pedir um carro pelo Uber em Déli utilizando o aplicativo para smartphones.

Chandan Khanna/AFP
Shiv Kumar Yadav, suspeito de estuprar uma passageira, é escoltado após comparecer a tribunal
Shiv Kumar Yadav, suspeito de estuprar uma passageira, é escoltado após comparecer a tribunal

APLICATIVO

Em rápida ascensão, o Uber foi avaliado em US$ 40 bilhões na semana passada em sua rodada mais recente de financiamento, antes de uma esperada oferta pública de ações. Na Índia, a companhia opera em 11 cidades.

O Banco Central da Índia havia anteriormente flagrado o Uber por violar o sistema de pagamento de cartão de crédito do país ao utilizar o chamado processo de autorização por um passo, embora o regulador exija um procedimento de ao menos dois passos.

O Uber mais tarde atendeu a exigência, chamando-a de "desnecessária".

A companhia norte-americana também é criticada por prejudicar os serviços tradicionais de táxi, causando protestos.


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