Folha de S. Paulo


Atentado em mesquita deixa ao menos cem mortos e 250 feridos na Nigéria

Mais de 100 pessoas morreram em um atentado nesta sexta-feira (28) contra a Grande Mesquita da cidade de Kano, a segunda mais populosa da Nigéria.

"Duas bombas explodiram uma após a outra no interior da mesquita, poucos segundos após o início das orações", disse Aminu Abdullahi, um fiel que estava no local. "Uma terceira bomba explodiu em uma rua próxima", acrescentou.

Após as explosões, homens armados atiraram contra as pessoas que tentavam fugir, segundo o porta-voz da polícia nigeriana, Emmanuel Ojukwu. O ataque teria sido cometido por dois suicidas e cerca de 15 homens armados, dos quais quatro foram mortos pela multidão

Hospitais da cidade de Kano confirmaram o recebimento de 81 corpos e de mais de 250 feridos. Pessoas que trabalham no local do incidente indicam que o número de mortos teria passado de cem.

Embora o ataque ainda não tenha sido assumido por nenhum grupo terrorista, especula-se que o movimento jihadista sunita Boko Haram reivindicará a autoria.

Kano, a maior cidade do norte da Nigéria, com 10 milhões de habitantes, tem sido palco de ataques do grupo.

RECADO AO GOVERNO

Desde 2009 o grupo luta para refundar um califado islâmico sob o cumprimento estrito da sharia (lei islâmica). O nome do movimento significa "a educação ocidental é proibida".

Boko Haram desconsidera as autoridades religiosas islâmicas da Nigéria e as acusa de de trair a religião e estarem a serviço do governo nigeriano e do ocidente.

Os insurgentes já realizaram inúmeros ataques com armas e bombas em igrejas, escolas, delegacias de polícia e inclusive em mesquitas que não compartilham da sua ideologia islamita.

A mesquita onde ocorrem os ataques está localizada ao lado do palácio do emir de Kano, o segundo mais importante líder muçulmano da Nigéria.

Foi nesta mesquita que, na semana passada, o emir chamou a população do norte do país a pegar em armas contra os islamitas do Boko Haram, criticando a incapacidade do exército nigerianos de defender os civis dos insurgentes.

O emir de Kano é uma figura muito influente na Nigéria, que tem mais de 80 milhões de muçulmanos de uma população total de 170 milhões de pessoas.

HISTÓRICO

Em abril o grupo Boko Haram sequestrou mais de 200 meninas de aldeia Chibok, também no norte da Nigéria. O movimento prometeu tratá-las como escravas, vendê-las em países vizinhos e forçá-las a casar. O caso ganhou repercussão internacional.

Em setembro, dois homens-bomba do grupo Boko Haram mataram pelo menos 15 estudantes em uma faculdade do governo. Em julho, cinco atentados suicidas foram realizados em uma semana.

Na segunda-feira, o grupo promoveu um ataque à cidade de Damasak (nordeste), na fronteira com Níger, e deixou 50 mortos.

Na terça-feira, a cidade de Maiduguri foi atingida por um duplo atentado suicida que matou pelo menos 45 pessoas.

A violência do Boko Haram e sua repressão pelas forças de segurança fizeram 13.000 mortos e mais de 1 milhão de deslocados desde 2009.


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