Folha de S. Paulo


Irmã de ditador norte-coreano fica mais perto do poder

Com sua roupa justa e sapatos de salto pretos, Kim Yo Jong representa uma figura contrastante frente a seu rechonchudo irmão mais velho, o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

A imprensa estatal disse na quinta-feira (27) que a Kim mais jovem, de 27 anos, havia ascendido a uma alta posição no Partido dos Trabalhadores, que governa o país, confirmando especulações de que ela havia chegado mais perto do centro do poder.

Ela foi nomeada como vice-diretora junto ao chefe do Departamento de Propaganda e Agitação, que lida com mensagens ideológicas pela mídia, pela cultura e pelas artes.

O novo cargo de Kim Yo Jong confirma relatos anteriores de um grupo norte-coreano dissidente que disse que ela pode ter assumido um papel maior na política do país após o desaparecimento recente de Kim Jong-un do público por mais de um mês, gerando especulações sobre sua posição no poder.

A agência de inteligência da Coreia do Sul disse mais tarde que Kim, 31, provavelmente havia feito uma cirurgia em seu tornozelo esquerdo. Ele reapareceu uma vez, mancando.

O poder de Kim Yo Jong tem sido atribuído ao de uma primeira-ministra, disse uma fonte anônima da inteligência sul-coreana ao jornal Joong Ang Ilbo, de Seul, em abril, mesmo antes da lesão de seu irmão.

"Todas as estradas levam à camarada Yo Jong", disse a fonte.

Kim Yo Jong tem aparecido em propagandas do Estado desde que seu irmão assumiu o controle do país após a morte de seu pai, Kim Jong-il, no fim de 2011.

Mulheres na Coreia do Norte, um país patriarcal, raramente ascendem a altos cargos no governo ou como comandantes militares.

No entanto, elas de fato recebem treinamento militar e também são um componente vital da fraca economia norte-coreana.

Com muitos homens comprometidos com empregos de nomeações públicas em fábricas e departamentos burocráticos, é frequente ter mulheres que se voltam ao mercado negro para ganhar a renda que a maioria das famílias precisa para sobreviver.

Mas para Kim Yo Jong, é seu nome de família e sua proximidade com Kim Jong-un que a fazem superar quaisquer normas culturais.

"As pessoas que são nominalmente superiores a ela provavelmente submetem-se a ela", disse Michael Madden, especialista na Coreia do Norte.

Quando Kim Jong-il era o governante da Coreia do Norte, sua irmã Kim Kyong Hui tinha um importante papel como sua assistente pessoal, presente em altos cargos militares e partidários.

Ela não foi vista desde que seu marido, Jang Song Thaek, uma vez considerado o líder número 2 em Pyongyang, foi exonerado e executado no ano passado.

Em suas memórias de 2003 sobre seus 13 anos como chef de sushi de Kim Jong Il, Kenji Fujimoto disse que o antigo ditador tinha uma relação de confiança com Ko Yong Hui, sua quarta parceira, com a qual teve três filhos: Kim Jong-un, Kim Yo Jong e o mais velho, Kim Jong Chol.

"Ko disse que havia viajado para a Disneylândia na Europa e para Tóquio com seus filhos", escreveu Fujimoto.

Pouco é conhecido do filho Kim mais velho, que uma vez foi fotografado em um internato na Suíça.


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