Folha de S. Paulo


ONU aprova resolução proposta por Brasil e Alemanha contra espionagem

A Terceira Comissão da Assembleia-Geral da ONU aprovou nesta terça-feira (25), por consenso, um novo projeto de resolução que busca garantir o direito à privacidade.

O texto, apresentado por Brasil e Alemanha, é uma atualização de resolução adotada em 2013, após os escândalos de espionagem no governo dos Estados Unidos revelados por Edward Snowden.

Entre as mudanças, está a menção aos metadados ""que incluem informações como origem e destino de e-mails, histórico de visitação de páginas na internet e detalhes sobre ligações telefônicas.

Para os países, o acesso a esses dados pode revelar tantas informações quanto o conteúdo de comunicações.

A referência, no entanto, foi modificada no texto aprovado a pedido de Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia.

O projeto original classificava a coleta destes dados como "altamente intrusiva", expressão que ficou de fora da versão final.

Os cinco países, que trocam informações e realizam operações conjuntas por meio de uma rede chamada de "Five Eyes" (cinco olhos), argumentam que a coleta de dados é importante no combate ao terrorismo.

CRÍTICAS

Em discurso na Comissão após a aprovação, o embaixador-adjunto do Brasil na ONU, Guilherme Patriota, criticou a retirada de termos "mais firmes" do texto.

"Referências aos princípios de precisão e proporcionalidade não foram tão fortes como deveriam ser."

"Programas de vigilância ""como qualquer atividade que representa uma ameaça aos direitos humanos–devem ser precisos e proporcionais à prossecução de objetivos legítimos", afirmou.

"Como alguns membros não estavam na posição de admitir esse princípio básico da lei internacional, não pudemos afirmar isto nos termos mais firmes."

O texto inclui ainda menção sobre o papel de empresas privadas na vigilância digital, dizendo que elas também têm a responsabilidade de respeitar os direitos humanos.

Os países também conclamam o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas a nomear um relator especial para o tema.

O documento, que tem coautoria de 65 países, será votado na Assembleia-Geral da ONU até o fim de dezembro e deve ser aprovado sem resistência no plenário.


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